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SALÁRIO PETISTA
Do total de recursos liberados aos deputados que votaram o mínimo, 92,5% foram para os que votaram com o governo
Governo privilegia aliados com mais verbas
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo Lula privilegiou com
verbas do Orçamento os deputados que apoiaram sua proposta
do salário mínimo de R$ 260.
Na semana passada, quando
houve a votação do mínimo na
Câmara, o governo empenhou R$
62,4 milhões relativos às emendas
que os parlamentares fizeram ao
Orçamento de 2004, o que representa 22,3% de tudo o que havia
sido carimbado durante este ano.
O cruzamento das verbas com o
placar da votação mostra o favorecimento. Os 444 deputados que
votaram a favor ou contra o governo -excluídas as ausências e
abstenções- são responsáveis
por R$ 50,5 milhões do valor empenhado (quando o governo assume o compromisso do gasto).
Desse total, 92,5% foram direcionados ao grupo de 272 deputados que votou contra o valor de
R$ 275 e deu a vitória ao governo.
Os 7,5% restantes couberam a
parlamentares que fazem parte
dos 171 que votaram a favor dos
R$ 275 definidos pelo Senado e
defendidos pela oposição.
Os números são fruto de levantamento da liderança do PSDB na
Câmara com base em dados do
Siafi (sistema de acompanhamento dos gastos federais) e não foram contestados pelo governo,
que nega, porém, o uso das emendas como forma de pressão.
"Isso é normal. Quem é da base
[governista] é da base. Deveria
empenhar de todo mundo, na minha opinião. Porém, na priorização, vai atender a quem primeiro?
O governo trabalha com sua lógica, que é uma lógica de todos os
governos", disse Sandro Mabel
(GO), líder da bancada do PL.
O deputado se refere ao atendimento bem mais generoso das
emendas dos governistas. O PTB
lidera, com o empenho de 59%
das emendas a que teria direito,
seguido por PP (56,2%), PPS
(53,5%) e PL (52,7%). Os três partidos de oposição, PFL, PSDB e
PDT, não têm, cada um, mais de
10% das emendas empenhadas.
"Fizeram um acordo conosco
de que liberariam um terço das
emendas da oposição. Não cumpriram. Como eles não são civilizados, nós também não seremos", declarou o deputado Alberto Goldman (SP), vice-líder da
bancada do PSDB.
Outro exemplo do favorecimento está na liberação ao PPS,
partido que está rachado entre
apoiar ou ser oposição ao governo. Onze deputados do partido
votaram a favor da gestão Lula, e
dez se posicionaram contra.
Os favoráveis receberam 78%
dos R$ 3,5 milhões empenhados
pelos deputados do partido na semana passada. Os contrários do
PPS ficaram com 22%.
A segunda maior emenda carimbada entre os dias 18 e 25, de
R$ 1,14 milhão, refere-se ao deputado Átila Lira (PSDB-PI), que,
apesar de ser de um partido da
oposição, votou pelos R$ 260. A
emenda, segundo o tucano, foi
para municípios de sua base, destinada a obras nas áreas de saúde,
saneamento e habitação.
Um dos três peemedebistas que
mudaram o voto em relação ao
mínimo, o deputado João Matos
(SC) teve R$ 170 mil das emendas
empenhadas, mas negou a relação de uma coisa com a outra.
A assessoria de imprensa do Ministério da Coordenação Política
negou uso político das emendas e
disse que os empenhos são de responsabilidade dos ministérios.
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