São Paulo, quarta-feira, 30 de junho de 2004

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TODA MÍDIA

Nelson de Sá

Pátria de chuteiras

A idéia foi do primeiro-ministro do Haiti, que disse à Folha e depois ao "Financial Times", um mês atrás, quando o Brasil enviou as primeiras tropas, que elas seriam "bem recebidas, ao contrário das americanas", mas que:
- Os brasileiros conseguiriam mais com um jogo de futebol do que usando a força.
Ele escalou Ronaldo, Kaká, Cafu -e sugeriu que as entradas fossem armas, para ajudar no desarmamento, uma das tarefas que a ONU determinou às tropas brasileiras.
Passaram as semanas e surgiu Ricardo Teixeira, presidente da CBF, entusiasmado com a idéia. Da Folha, ontem:
- Por trás da boa vontade da CBF está a intenção de conseguir o empenho do governo brasileiro em questões relacionadas ao futebol.
Ontem, foi a vez de Lula, em reunião com Ricardo Teixeira. Nas duas manchetes conjugadas do Jornal da Band:
- A confiança no presidente cai seis pontos. E Lula quer ver o amistoso de Brasil e Haiti.
Então, todos de acordo. Para a CBF, o ministro dos Esportes anunciou estar pensando em "três ações para melhorar a situação dos clubes", uma das quais é aquela de sempre: uma nova loteria.
Ela começaria já no segundo semestre, com parte do dinheiro destinado "ao pagamento das dívidas dos clubes com a Previdência".
O anúncio do amistoso ecoou em jornais pela América Latina, como o argentino "La Nacion", com destaque para a garantia de Ricardo Teixeira -de que, "definitivamente, será a seleção principal do Brasil", inclusive Ronaldo, Kaká e Cafu.

DIÁRIOS DA CORTE

Para quem gosta, é possível seguir os "bastidores" de Brasília em tempo real. Começou com o blog de Ricardo Noblat. E na semana passada surgiu o blog de Jorge Bastos Moreno na Globo On Line. Deste, ontem:
- O Poder se reuniu para homenagear seu novo integrante, Nelson Jobim, presidente do STF. Foi na casa do presidente da Câmara, João Paulo. Estavam os presidentes Lula, Sarney e Vidigal (STJ). Só amenidades.
Mas nem tanto. Lula teria eleito o ministro Luiz Furlan "sua grande paixão no momento":
- A cada dia fico mais encantado com ele.

E assim vai. Antes, Moreno tratou do encontro rumoroso do presidente com José Dirceu, na sexta:
- Lula teria insinuado mandar o ministro mais cedo para casa, não para ver novelas, mas navios.
Dias antes, Noblat falou da reunião anterior dos dois:
- Dirceu teve uma conversa séria com o presidente. Disse que deixará o cargo antes das eleições. Confessa aos mais íntimos que está "desencantado" com os rumos, principalmente a ortodoxia da política econômica.
Quem fala a verdade? Pouco importa, para Brasília e seus personagens. O que interessa é a trama.

Apesar de você
O Senado não acerta nem quando faz a coisa certa. Ontem rejeitou a proposta da Câmara que cortava menos vereadores do que a Justiça Eleitoral havia decidido. Mas, na manchete do Jornal Nacional:
- Ótima notícia para a economia dos municípios brasileiros. O Senado não consegue derrubar a determinação da Justiça. Mais de 8.000 vagas de vereadores são eliminadas.

Pedágios
Depois dos números estranhos em educação e do crescente endividamento de São Paulo, o governador tucano Geraldo Alckmin anunciou ontem por um de seus secretários, segundo a Jovem Pan:
- Pedágios ficam mais caros.
Alckmin está desovando todas as más notícias de uma vez, bem antes da eleição.

Brasil e Portugal
Depois da escolha de um espanhol para diretor-gerente do FMI, chegou a vez de um português para presidente da Comissão Européia, como noticiou ontem o JN.
O "Valor" de ontem dizia, em título, que é mais uma "boa notícia para o Mercosul".

Otimismo
Saem hoje os juros americanos. Para Carlos Alberto Sardenberg, na CBN, "o efeito no Brasil já ocorreu". Para Míriam Leitão, "a elevação não significa nada para a dívida brasileira". O mercado concorda. Do site do "Financial Times":
- Ações sobem no Brasil em cima do otimismo de que Banco Central americano fará um aperto monetário modesto.

Ovos e farinha
Correu pelos jornais do meio-oeste americano a notícia de que dois congressistas, um republicano de Minnesotta e uma democrata de Illinois, foram alvo de ovos e farinha, na Uerj, no Rio. O texto no "Chicago Sun-Times" descreveu os estudantes como "uma turba de manifestantes antiamericanos".

Algodão lá e cá
Uma semana depois da reportagem sobre o temor dos fazendeiros de Minnesotta, de perder mercado para o algodão brasileiro, o "New York Times" voltou ao tema. Foi até Ituverava, para mostrar como vivem e trabalham os produtores de algodão por aqui. Do título:
- A grande fatia do Brasil no algodão deve se tornar maior.


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