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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ BASE PARTIDA
Presidente do PMDB oficializa rejeição da ala oposicionita, e petista reduz oferta ao partido
Lula ouve "não" de Temer e oferece só 3 pastas ao PMDB
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
No dia em que o presidente nacional do PMDB, Michel Temer,
oficializou por carta a rejeição da
ala oposicionista do partido à ampliação do espaço no governo, o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu membros da ala governista e ofereceu três pastas na reforma ministerial e não mais quatro, como fizera na sexta.
Os governistas do PMDB, representados pelo presidente do
Senado, Renan Calheiros (AL), e o
senador José Sarney (AP) almoçaram com Lula e insistiram que, se
o presidente mantiver a oferta de
quatro ministérios, eles terão munição para tentar reduzir a oposição dentro do partido.
Ontem foi um dia confuso para
a sigla. A lista que 51 deputados
federais assinaram em apoio à governabilidade -feita anteontem
após uma reunião da bancada da
Câmara que acabou esvaziada-
perdeu nove assinaturas depois
que os governistas fizeram uma
modificação no texto.
Anteontem, a lista falava apenas
em apoio à governabilidade de
Lula no Congresso. Ontem, em
nota conjunta, os líderes das duas
Casas, senador Ney Suassuna
(PB) e deputado José Borba (PR),
expressaram apoio ao pacto, "que
inclui a participação do partido
no governo, a elaboração de políticas públicas e a divisão de responsabilidade na gestão do país".
O trecho "responsabilidade na
gestão do país" levou à retirada
das assinaturas da lista.
"Satisfação"
Após o fracasso na tentativa de
compor com o PMDB inteiro,
avaliando que precisa aumentar
sua proteção política no Congresso devido às acusações de corrupção contra a sua administração, o
presidente Lula vai realizar uma
reforma ministerial levando em
conta as forças peemedebistas
que já o apóiam.
Segundo Renan, Lula expressou
"satisfação" com o apoio das bancadas da Câmara e do Senado à
sua proposta da semana passada,
na qual o PMDB teria quatro pastas na Esplanada.
De acordo com o presidente do
Senado, Lula pretende fazer a reforma "o mais rápido possível".
Para Renan, o "pacto de governabilidade" depende prioritariamente do PMDB no Congresso,
não nos Estados.
O PMDB tem a maior bancada
do Senado, onde 19 dos 23 membros fecham com Lula. Na Câmara, o partido é a segunda bancada.
Dos 85 deputados, 42 ficaram na
lista que defende governabilidade
e ampliação dos cargos -ou seja,
uma divisão ao meio. A depender
das votações, Lula tem entre 40 e
50 votos do PMDB da Câmara.
Mal-estar
Houve mal-estar entre Lula e
Temer. Anteontem, Temer ligou
para o chefe-de-gabinete de Lula,
Gilberto Carvalho, que marcou
audiência para as 9h30 de ontem.
Uma intervenção de membros da
ala governista levou Lula a cancelar a audiência. Temer, então,
protocolou carta no Planalto às
13h35. O documento peemedebista afirma que "a responsabilidade do PMDB com o país importa conduta preservadora das instituições sem a contrapartida de
ocupação de cargos".
Na semana passada, o presidente chamou líderes do partido, entre os quais Temer, para discutir a
participação do PMDB no governo. Para ter o apoio da legenda
num momento de crise política
no Congresso, Lula ofereceu as
pastas das Cidades, da Integração
Nacional, da Saúde e de Minas e
Energia. Disse que o partido poderia continuar com Previdência
e Comunicações, desde que, ao final, ficasse com quatro ministérios em sua cota.
Durante a reunião da última
sexta-feira chegou a ser tirada
uma fotografia em que Lula, Temer, Renan e o senador Aloizio
Mercadante (PT-SP), líder do governo na Casa, aparecem de mãos
dadas e sorridentes.
Com a rejeição do PMDB, a
imagem causou constrangimento
ao governo e fez com que parte do
Planalto ficasse irritada com Mercadante, um dos avalistas da negociação com os peemedebistas.
Divisão
"O quadro partidário não me
permite afirmar que o partido estará inteiramente unido, nos termos propostos por Vossa Excelência", disse o presidente do
PMDB na carta, após descrever
que o partido está "dividido" e
que "uma parcela expressiva do
PMDB registra não desejar cargos
para cumprir essa tarefa [apoio à
governabilidade]".
De acordo com Temer, após ouvir governadores, diretórios estaduais e as bancadas no Congresso, concluiu que, embora nem todos queiram a participação no governo, há "apoio integral à governabilidade" e o partido não participará de atos que poderiam agravar a crise política.
(JULIA DUAILIBI, LEILA SUWWAN E KENNEDY ALENCAR)
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