São Paulo, sexta-feira, 30 de junho de 2006

Próximo Texto | Índice

Painel

Renata Lo Prete
painel@uol.com.br


Freio de arrumação

Mesmo antes de saber do novo Datafolha, que mostra estreitamento da vantagem de Lula sobre Alckmin, a Executiva do PT já havia decidido que, em reunião hoje, passará um recado aos mais entusiasmados: embora as pesquisas apontem que, a esta altura, o presidente seria reeleito no primeiro turno, a campanha será montada com a perspectiva de realização do segundo. Se Lula liquidar a fatura antes, ótimo. Do contrário, o partido não quer ser pego de calça curta.
Em privado, petistas manifestam alguma preocupação com o tempo de TV de Alckmin, que será maior. Dizem que, se Lula tivesse sido mais duro com o PSB, "cobrando a fatura", a sigla teria entrado na aliança e acrescido dois valiosos minutos diários à propaganda.

Sem prorrogação. O PT decidiu não renovar o contrato, que vence agora em julho, com o marqueteiro Edson Barbosa. Edinho fez os programas do partido desde a queda de Duda Mendonça, no segundo semestre de 2005.

Boiada. Alckmin estará hoje na abertura do festival de Parintins, maior festa folclórica do Norte. Antes de confirmar a agenda, sua assessoria se certificou de que Lula não iria. Aliados aconselham o tucano a escolher o boi Caprichoso. Os adeptos do Garantido teriam preferência pelo petista.

Cabo-de-guerra. Se Tasso Jereissati tentar convencer o PFL baiano a não atacar o candidato tucano ao Senado, Antonio Imbassahy, nos programas de TV estará pregando no deserto. Os pefelistas também dizem que não aceitam compartilhar a agenda de Alckmin com o PSDB local.

Entrelinhas. Na convenção de ontem do PFL baiano, o nome de Imbassahy não foi citado. Antonio Carlos Magalhães e Paulo Souto, porém, fizeram questão de condenar os que chamaram de "traidores". E pediram votos para Alckmin, em demonstração de armistício temporário.

Bode. O deputado Jutahy Jr., que nunca quis de verdade lançar um nome tucano ao governo da Bahia, conseguiu, com suas ameaças, obrigar o arquiinimigo ACM a engolir a candidatura do ex-pefelista Imbassahy ao Senado.

Calendário. Aldo Rebelo (PC do B-SP) e Renan Calheiros (PMDB-AL) convocaram café da manhã com líderes para terça a fim de decidir o que é possível votar nas duas primeiras semanas de julho e como será o "esforço" concentrado de agosto e setembro.

Minimalista. Estudo pedido por Aldo à secretaria-geral da Câmara mostra que, nas eleições anteriores, a Casa funcionou quatro dias em agosto e dois em setembro. O regime deve ser o mesmo agora. O único projeto que os deputados querem votar é o das microempresas. No Senado, se sair o Fundeb, já será lucro.

Sem pressa. Para fugir à pressão dos senadores-candidatos, que buscam toda a exposição possível, Renan adiou para depois das eleições o início das transmissões da TV Senado em canais abertos.

Firme e forte. Severino Cavalcanti (PP-PE), que renunciou à presidência da Câmara depois de revelado que recebia "mensalinho" do concessionário de um restaurante na Casa, despachava ontem no Ministério das Cidades.

Guizo. Parlamentares avaliam que a CPI dos Sanguessugas já terá sua instalação justificada se avançar na apuração do envolvimento de prefeituras e do MEC nas fraudes em compra de ambulâncias. Assim, o desgaste não seria apenas do Congresso.

Com licença. O relatório da CPI das Armas, que seria entregue na segunda se os trabalhos da comissão não tivessem sido prorrogados por 60 dias, deve recomendar, para desagrado da OAB, a obrigatoriedade de revista de advogados que visitam presídios.

Tiroteio

"Sem querer, Lula deixou claro em seu discurso o que espera dos pobres: que continuem pobres, já que assim não dão trabalho."


Do líder da minoria na Câmara, JOSÉ CARLOS ALELUIA (PFL-BA), sobre declaração do presidente da República, segundo quem os pobres querem "apenas um pouco de pão" e "não dão trabalho".

Contraponto

Bom prato

Durante visita ao Rio de Janeiro, o embaixador do Brasil em Cuba, Tilden Santiago, foi convidado a almoçar pelo correligionário Vladimir Palmeira. Candidato do PT ao governo do Estado, ele escolheu um sofisticado restaurante de comida italiana. Finda a refeição, enquanto fumaram charutos, Palmeira observou distraidamente:
-Tilden, este almoço você paga, tudo bem?
Ao bater os olhos na conta, o embaixador levou um susto, mas foi acalmado por seu acompanhante.
-Fique tranqüilo. Eu pago o próximo.
Quando voltaram a se ver, Palmeira cumpriu o acordo. Só que levou Santiago a um modesto restaurante natural.


Próximo Texto: Alckmin sobe 7 pontos, mas Lula ainda vence no 1º turno
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.