São Paulo, sexta-feira, 30 de junho de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA

Lembo troca gentilezas com Lula na "casa" de Alckmin

Tucanos vêem encontro no Palácio dos Bandeirantes como "provocação" de petistas

Governador e presidente participaram de cerimônia de anúncio de verbas federais para programas de habitação em 18 municípios


Raimundo Pacco/Folha Imagem
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador de São Paulo, Cláudio Lembo, durante cerimônia no Palácio dos Bandeirantes


LILIAN CHRISTOFOLETTI
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL

O governador de São Paulo, Cláudio Lembo (PFL), abriu ontem as portas do Palácio dos Bandeirantes, ninho tucano de 1995 até três meses atrás, para receber o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e uma comitiva petista.
A recepção, segundo a Folha apurou, irritou o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), hoje o principal adversário de Lula na disputa presidencial. Para tucanos, a confraternização foi uma "provocação" orquestrada pelo PT.
Com muitas trocas de afagos, Lula e Lembo anunciaram o repasse federal de R$ 172 milhões para habitação em 18 municípios. O presidente disse que partiu dele o pedido para que o ato fosse realizado na sede do governo paulista.
Ao ser informado do evento, Alckmin enviou emissários para tentar demover o governador. O líder do governo na Assembléia, Edson Aparecido (PSDB), um dos homens fortes de Alckmin, foi ontem ao palácio, conversou com Lembo e saiu antes de Lula chegar.
"Podem estar certos, hoje [ontem] é um momento muito importante para a história do Brasil", disse Lembo ao discursar. "É uma grande alegria receber meu grande amigo, o presidente Lula, a quem conheço desde 1978."
Lula retribuiu com elogios. "Cláudio [Lembo], eu também considero importante o dia de hoje. O nosso mandato está para terminar. Seria muito ruim que terminasse e eu não pudesse te visitar no Palácio dos Bandeirantes. Também será muito ruim que você não vá para Brasília. É importante mostrar que dois seres de berços, formações e concepções ideológicas diferentes podem ser amigos e conviver democraticamente."

Inauguração
Ainda para descontentamento do PSDB, Lembo chamou Lula para um evento no teatro da faculdade de Medicina do Hospital das Clínicas e, depois, para a inauguração de um centro oncológico. Tucanos repetiam que Lula iria inaugurar uma obra de Alckmin, já que o governo federal não fez nenhum aporte específico para a obra.
Lula foi até o complexo médico-hospitalar onde está o novo centro, mas, sob pretexto de não ferir a Lei Eleitoral, fez apenas uma palestra no auditório do local. "A priori, me pediram para vir aqui inaugurar o centro de oncologia e eu viria mesmo se ele tivesse sido feito por Antonio Carlos Magalhães [senador do PFL-BA]. (...) Mas, para evitar polêmicas em período em que tudo o que a gente fazia antes sendo normalidade virou anormal, eu prefiro me despedir de vocês aqui", disse Lula, ao discursar.
Antes de deixar São Paulo, o presidente visitou o líder de seu governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), que está internado na UTI do Incor (Instituto do Coração). Chinaglia sofreu um acidente de carro na quinta-feira passada, no interior do Estado. Com lesões nas costelas e na bacia, o petista deve deixar a UTI amanhã.


Texto Anterior: Eleições 2006/Datafolha: Sem Enéas e Garotinho, rejeição de Lula é a maior
Próximo Texto: Planalto investe mais no 7 de Setembro
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.