São Paulo, sábado, 30 de junho de 2007

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Suspeitas sobre Nossa Caixa vêm desde 2003

Assembléia de SP tomou conhecimento das denúncias há quatro anos; os contratos em vigor somam R$ 830 milhões

Ex-gerente do banco alertou Legislativo para a suspeita de que a Asbace não tinha infra-estrutura e que poderia haver uma "quarteirização"

FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL

As primeiras denúncias sobre supostas irregularidades nos contratos entre a Nossa Caixa e a Asbace (Associação Nacional dos Bancos) foram levantadas na Assembléia Legislativa de São Paulo em 2003.
Havia a suspeita de vícios semelhantes aos levantados, agora, nos contratos com o BRB (Banco Regional de Brasília).
Entre 1998 e 2006, a Nossa Caixa firmou 11 contratos com a Asbace. Três estão em vigor, no total de R$ 830 milhões, sem licitação, mas aprovados pelo Tribunal de Contas do Estado.
Com a Operação Aquarela, o governo paulista determinou que haverá licitação quando esse três contratos vencerem.
Em 2003, Eliel Ferreira, um ex-gerente da Nossa Caixa, alertou o Legislativo para a suspeita de que a Asbace não tinha infra-estrutura para os serviços de apoio na área de auto-atendimento. Previa-se uma "quarteirização" de serviços. A Asbace, que conta apenas com 28 funcionários, subcontrataria os serviços, em pactos não sujeitos aos tribunais de contas. Ferreira foi alvo de controvertida investigação interna, demitido do banco por justa causa. Ele e os familiares sofreram ameaças de morte e seqüestro.
Em outubro de 2005, o ex-gerente de marketing da Nossa Caixa, Jaime de Castro Júnior, um dos responsáveis pelos contratos irregulares com agências de publicidade, sugeriu à comissão de sindicância a prestação de informações à Assembléia sobre dois contratos da Asbace, entre os de valor mais elevado firmados pelo banco.
As informações ficaram perdidas nas investigações sobre os contratos irregulares com as agências Full Jazz e Colucci Propaganda. Também não houve investigação sobre os contratos de informática na gestão do ex-presidente do banco Valdery Albuquerque, que acumulava a presidência da Asbace. Apontado em sindicância interna como responsável pelas irregularidades com as agências, ele voltaria ao noticiário como diretor do BRB, numa rápida gestão de um mês, de 18 de maio a 19 de junho deste ano. Albuquerque afirma ter deixado o banco de Brasília "por razões pessoais" e que "busca desafios de mercado".
Ele não foi ouvido pela Promotoria de Cidadania na investigação sobre a publicidade da Nossa Caixa. O promotor Sérgio Turra Sobrane diz que "vai se ater aos documentos". Prevê oferecer ação civil por improbidade contra Castro Júnior e, possivelmente, contra diretores de gestões anteriores.
A nova corregedora da Assembléia, deputada Célia Leão (PSDB), assumiu há quinze dias. Mulher de Daniel Edelmuth, ex-diretor de informática da Nossa Caixa, ela não vê nenhum impedimento para tratar do assunto. Nega arquivamento do caso. "Me sinto muito à vontade. Não posso me sentir impedida, pois o Legislativo e o Executivo são Poderes independentes e harmônicos. Meu marido foi diretor da empresa e esses assuntos têm que ser resolvidos pela empresa".


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