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Suspeitas sobre Nossa Caixa vêm desde 2003
Assembléia de SP tomou conhecimento das denúncias há quatro anos; os contratos em vigor somam R$ 830 milhões
Ex-gerente do banco alertou Legislativo para a suspeita de que a Asbace não tinha infra-estrutura e que poderia haver uma "quarteirização"
FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL
As primeiras denúncias sobre supostas irregularidades
nos contratos entre a Nossa
Caixa e a Asbace (Associação
Nacional dos Bancos) foram levantadas na Assembléia Legislativa de São Paulo em 2003.
Havia a suspeita de vícios semelhantes aos levantados, agora, nos contratos com o BRB
(Banco Regional de Brasília).
Entre 1998 e 2006, a Nossa
Caixa firmou 11 contratos com
a Asbace. Três estão em vigor,
no total de R$ 830 milhões, sem
licitação, mas aprovados pelo
Tribunal de Contas do Estado.
Com a Operação Aquarela, o
governo paulista determinou
que haverá licitação quando esse três contratos vencerem.
Em 2003, Eliel Ferreira, um
ex-gerente da Nossa Caixa,
alertou o Legislativo para a suspeita de que a Asbace não tinha
infra-estrutura para os serviços
de apoio na área de auto-atendimento. Previa-se uma "quarteirização" de serviços. A Asbace, que conta apenas com 28
funcionários, subcontrataria os
serviços, em pactos não sujeitos aos tribunais de contas.
Ferreira foi alvo de controvertida investigação interna, demitido do banco por justa causa. Ele e os familiares sofreram
ameaças de morte e seqüestro.
Em outubro de 2005, o ex-gerente de marketing da Nossa
Caixa, Jaime de Castro Júnior,
um dos responsáveis pelos contratos irregulares com agências
de publicidade, sugeriu à comissão de sindicância a prestação de informações à Assembléia sobre dois contratos da
Asbace, entre os de valor mais
elevado firmados pelo banco.
As informações ficaram perdidas nas investigações sobre
os contratos irregulares com as
agências Full Jazz e Colucci
Propaganda. Também não
houve investigação sobre os
contratos de informática na
gestão do ex-presidente do
banco Valdery Albuquerque,
que acumulava a presidência da
Asbace. Apontado em sindicância interna como responsável
pelas irregularidades com as
agências, ele voltaria ao noticiário como diretor do BRB,
numa rápida gestão de um mês,
de 18 de maio a 19 de junho deste ano. Albuquerque afirma ter
deixado o banco de Brasília
"por razões pessoais" e que
"busca desafios de mercado".
Ele não foi ouvido pela Promotoria de Cidadania na investigação sobre a publicidade da
Nossa Caixa. O promotor Sérgio Turra Sobrane diz que "vai
se ater aos documentos". Prevê
oferecer ação civil por improbidade contra Castro Júnior e,
possivelmente, contra diretores de gestões anteriores.
A nova corregedora da Assembléia, deputada Célia Leão
(PSDB), assumiu há quinze
dias. Mulher de Daniel Edelmuth, ex-diretor de informática da Nossa Caixa, ela não vê
nenhum impedimento para
tratar do assunto. Nega arquivamento do caso. "Me sinto
muito à vontade. Não posso me
sentir impedida, pois o Legislativo e o Executivo são Poderes
independentes e harmônicos.
Meu marido foi diretor da empresa e esses assuntos têm que
ser resolvidos pela empresa".
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