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Lula fez investigação paralela sobre Vavá
Sindicância informal do Planalto conclui que irmão de presidente tentou fazer lobby em órgãos públicos, mas não teve êxito
Nelson Passos Alfonso, advogado de Vavá, não foi localizado ontem; o filho dele, Edson Inácio, afirmou que preferia não comentar
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Uma sindicância informal
conduzida diretamente pelo
gabinete presidencial constatou que Genival Inácio da Silva,
o Vavá, fez tentativas de lobby
em órgãos públicos, mas não
teria tido sucesso.
Segundo a Folha apurou, o
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva pediu investigação paralela à da Polícia Federal assim
que retornou de uma viagem
internacional no início de junho. Queria se tranqüilizar politicamente, evitando ser surpreendido por alguma revelação de supostas ações irregulares de seu irmão Vavá.
O jornal não obteve detalhes
das tentativas de lobby (órgãos
públicos eventualmente procurados e assuntos tratados).
Na última quinta-feira, em
reunião no quarto andar do Palácio do Planalto com os chefes-de-gabinete dos 37 ministérios, o chefe do gabinete particular de Lula, Gilberto Carvalho, deu a orientação presidencial para tratar de eventuais
tentativas de lobby de pessoas
que se digam familiares ou
amigas de Lula.
Dizendo que falava em nome
do presidente, Carvalho afirmou que qualquer familiar ou
amigo do presidente que tentasse intermediar audiência,
apresentar projeto ou defender
interesses privados deveria receber não como resposta. Pediu ainda que o Palácio do Planalto fosse avisado imediatamente da tentativa.
Em 5 de junho, em Nova Déli
(Índia), na primeira declaração
a respeito da Operação Xeque-Mate, deflagrada pela PF (Polícia Federal) para investigar a
máfia dos caça-níqueis, Lula
disse que não acreditava que o
irmão havia feito lobby, mas
defendeu a investigação policial. "Se o nome dele [Vavá]
aparecia [nos grampos], paciência".
A PF indiciou Vavá por tráfico de influência e exploração
de prestígio no judiciário. O
Ministério Público, porém, não
o incluiu na denúncia à Justiça
sobre a Operação Xeque-Mate.
Concluiu que não havia provas
contra o irmão do presidente.
Apesar de ter declarado que
não acreditava que Vavá fizera
lobby, Lula já admitia nas conversas reservadas que ele havia
pelo menos tentado. No entanto, dizia ter certeza do insucesso das incursões do irmão no
governo porque avaliava que
ele não tinha "cabeça" para
operações desse tipo.
Na volta ao Brasil, Lula pediu
que Carvalho comandasse a
averiguação de eventuais ações
de lobby do irmão no governo.
O chefe-de-gabinete já havia
prevenido ministros a respeito
de Vavá no primeiro mandato.
Em 2003, foi avisado pelo então ministro da Casa Civil, José
Dirceu, de que Vavá estaria
tentando apresentar empresários em órgãos públicos. Na
época, fez reunião semelhante
à da última quinta-feira com
chefes-de-gabinete para dar o
recado do presidente.
Outro irmão de Lula, José
Ferreira da Silva, o "Frei Chico", chegou a alertar Lula e o
próprio Carvalho mais de uma
vez a respeito de tentativas de
Vavá. Tais avisos resultaram
em determinações para que os
ministérios barrassem movimentações de Vavá.
Em conversas reservadas,
Lula reitera ter "carinho" por
Vavá, mas diz que, em certas
horas, não sabe se tem mais
"raiva" ou "pena" dele. Já comentou que, numa escala de
esperteza de zero a dez, Vavá
receberia grau dois.
No alerta de quinta aos chefes-de-gabinete, Carvalho frisou a inclusão de "amigos" para
que o governo se previna contra eventuais lobbies de pessoas como o compadre de Lula
Dario Morelli.
O envolvimento de Morelli
na Operação Xeque-Mate surpreendeu Lula, de acordo com
relatos de ministros à Folha.
Morelli e outras 38 pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público, sob acusação de integrar a máfia dos caça-níqueis.
Outro lado
O advogado de Vavá, Nelson
Passos Alfonso, não foi encontrado ontem. Seu celular estava
desligado e ele não foi localizado em seu escritório, que fica
em Campo Grande. O filho de
Vavá, Edson Inácio, disse que
preferia não comentar e que
tentaria localizar o advogado.
Até o fechamento desta edição,
ele não havia ligado de volta.
Em entrevista em 10 de junho, os dois negaram as supostas atividades de Vavá. Ao falar
sobre as suspeitas de lobby e de
recebimento de dinheiro por
parte de Vavá, Alfonso afirmou
que seu cliente "nunca fez,
nunca recebeu, nunca pediu".
Colaborou a Reportagem Local
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