|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CNJ vê indícios veementes contra Medina
Advogado do ministro, Antonio Carlos de Almeida Castro, quer o processo restrito ao STJ e diz que seu cliente é inocente
Pena máxima aplicada pelo Conselho Nacional de Justiça é a aposentadoria, com os rendimentos preservados; Medina recebe R$ 23,2 mil
VALDO CRUZ
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O CNJ (Conselho Nacional
de Justiça) vai analisar em sua
próxima reunião, marcada para
31 de julho, parecer que deve
apontar a existência de "indícios veementes" contra o ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Paulo Medina e
outros três juízes investigados
na Operação Hurricane (furação em inglês).
Segundo a Folha apurou, o
corregedor nacional da Justiça
e conselheiro do CNJ, ministro
Cesar Asfor Rocha, deverá afirmar que há indícios veementes
contra os quatro magistrados e
a tendência é votar pela abertura do processo disciplinar por
desvio de conduta. A decisão
será tomada pelos 15 integrantes do conselho, que devem seguir a linha de Rocha.
Já tramita no órgão sindicância contra os quatro juízes,
suspeitos de atuar em esquema
de venda de sentença. A sessão
de 31 de julho será a primeira
após o recesso dos tribunais superiores, que começa na segunda-feira.
Além de Medina, estão sob
investigação os juízes do TRF
(Tribunal Regional Federal) da
2ª Região José Ricardo Regueira e José Eduardo Carreira Alvim e o juiz do Tribunal Regional do Trabalho de Campinas
Ernesto Dória.
Eles também já são alvo de
denúncia criminal oferecida ao
STF pelo procurador-geral da
República, Antonio Fernando
de Souza, com base na apuração da Polícia Federal. A denúncia -que representa o pedido de abertura da ação penal- também envolve o advogado Virgílio Medina, que é irmão de Paulo Medina, e o procurador da República João Sérgio Leal Pereira.
A pena máxima no processo
disciplinar contra juízes é a
aposentadoria, com remuneração preservada. O salário de
Medina é R$ 23,2 mil mensais.
Os outros recebem R$ 22,1 mil.
A eventual condenação na ação
penal pode levar à perda do
cargo. Os processos disciplinares são conduzidos pelo CNJ e
pelos próprios tribunais. O STJ
conduz neste momento uma
investigação preliminar contra
Medina e autorizou o afastamento, pedido por ele próprio.
A PF aponta que Medina seria o centro de um esquema de
venda de sentenças a favor de
bingueiros e bicheiros, o que
ele nega. Segundo a PF, o ministro pode ter negociado por
R$ 1 milhão, por meio de seu irmão Virgílio, uma liminar concedida por ele em 2006 e depois cassada pela presidente do
STF, Ellen Gracie.
Com essa liminar, foram liberadas 900 máquinas caça-níqueis que tinham sido apreendidas em Niterói.
O advogado de Medina, Antonio Carlos de Almeida Castro, quer que o processo disciplinar fique restrito ao STJ. Se
isso ocorrer, o ministro terá o
seu futuro decidido pelos colegas de tribunal. Além disso, Almeida Castro afirma que seu
cliente é inocente.
Medina pode requerer aposentadoria, evitando com isso
uma condenação por parte do
STJ. Seria uma saída política, já
que mesmo que seja condenado ele mantém a remuneração.
Texto Anterior: Folha conclui 43ª turma de programa de treinamento Próximo Texto: Judiciário 1: Rocha Mattos é condenado a 4 anos de prisão Índice
|