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Líder do PSDB pede saída de Sarney, que se apoia no DEM
Presidente do Senado envia carta sobre ação do neto antes da reunião dos democratas
Líder do DEM, José Agripino Maia, diz que o partido "não vai dar nenhum passo para afundar Sarney, mas não vai oferecer rede de proteção"
Lula Marques/Folha Imagem
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O líder tucano Arthur Virgílio critica o presidente do Senado, José Sarney, no plenário da Casa
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em mais um dia de pressões
para deixar o cargo, o presidente do Senado, José Sarney
(PMDB-AP), desencadeou ontem, ao enviar carta aos 80 senadores, uma estratégia destinada sobretudo a manter o
apoio do DEM, fundamental
para garantir a sua sobrevivência no comando da Casa.
Já o líder tucano Arthur Virgílio (AM) enviou ao Conselho
de Ética da Casa uma lista com
18 acusações divulgadas na imprensa contra Sarney para que
sejam investigadas. O PSOL
anunciou que ingressa hoje
com representação por quebra
de decoro parlamentar por causa dos atos secretos.
Só a Mesa Diretora e partidos
com representação no Congresso podem pedir abertura
de processo no Conselho de
Ética -quenão está funcionando porque o PSDB e o PMDB
ainda não indicaram seus representantes para o órgão.
Virgílio, também sob pressão
por ter recebido um empréstimo do ex-diretor-geral Agaciel
Maia, disse que Sarney perdeu
as "condições morais" para
permanecer no cargo.
Sarney foi avisado por amigos no DEM de que o partido
precisa de um bom argumento
-ou seja, explicações sobre a
empresa de seu neto e o crédito
consignado- para evitar que
seus senadores comecem a engrossar o coro que pede ao menos sua licença do cargo.
Daí a decisão de distribuir a
carta com esclarecimentos sobre a atuação da empresa de
seu neto José Adriano Sarney,
destacando que ela havia sido
descredenciada para operar
com crédito consignado na Casa quando assumiu a presidência. Informou ainda ter pedido
à Polícia Federal investigações
sobre todas as operações de
crédito consignado.
A preocupação de Sarney
com o apoio do DEM começou
na semana passada, quando democratas como Demóstenes
Torres (GO) passaram a criticá-lo publicamente. Hoje a bancada de 14 senadores democratas
vai se reunir para discutir a situação do peemedebista.
O líder do DEM, José Agripino Maia (RN), disse que o partido "não vai dar nenhum passo
para afundar o [senador] Sarney, mas não vai oferecer nenhuma rede de proteção".
Agripino afirmou que vai defender que Sarney se licencie
da presidência enquanto as denúncias no Senado estiverem
sendo apuradas. "Para mostrar
que há isenção."
Segundo o senador, a principal questão a ser discutida pela
bancada é a do neto de Sarney.
"Nós defendemos o afastamento do [ex-diretor de Recursos
Humanos João Carlos] Zoghbi
por conta de negócios suspeitos
com crédito consignado. Se
Sarney não conseguir explicar
que o caso de seu neto é diferente do de Zoghbi, não poderemos ser incoerentes", disse.
Por enquanto, o peemedebista conta com o apoio de boa
parte dos senadores do DEM
-como o primeiro-secretário
da Casa, Heráclito Fortes (PI).
Os democratas, porém, começam a ficar incomodados com
queixas vindas de eleitores.
Outra saída articulada pelo
DEM é solicitar que Sarney se
distancie da investigação sobre
Agaciel, evitando assim pressionar pelo seu afastamento.
Indicado por Sarney, Agaciel,
ficou 14 anos no cargo, o qual
deixou após a Folha revelar
que ele escondeu da Justiça
uma casa de R$ 5 milhões.
O governo manterá o discurso de apoio e de ampla defesa
do peemedebista. Ontem, após
reunião da coordenação política, o ministro José Múcio
Monteiro (Relações Institucionais) disse que o governo "em
hipótese nenhuma" trabalha
com a saída dele. "O apoio do
governo a Sarney é absoluto."
Sarney também foi defendido pelo tucano Aécio Neves,
governador de Minas Gerais.
Aécio disse que o senador "tem
história política" para enfrentar problemas que precisam
ser sanados na Casa.
Sarney e Aécio mantêm boa
relação política desde a morte
de Tancredo Neves, avô do tucano, no lugar de quem Sarney
assumiu a Presidência em
1985.
(VALDO CRUZ, ANDREZA MATAIS e ADRIANO CEOLIN)
Colaborou a Agência Folha, em Belo Horizonte
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