São Paulo, terça-feira, 30 de junho de 2009

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Mangabeira deixa governo e volta a Harvard

Lula anuncia a saída do ministro, que não obteve renovação do afastamento da universidade, da qual está licenciado há dois anos

Gestão à frente da Secretaria de Assuntos Estratégicos foi marcada por polêmicas com ministros de Meio Ambiente e Desenvolvimento Agrário

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou ontem a saída do ministro Roberto Mangabeira Unger da Secretaria de Assuntos Estratégicos. Segundo Lula, ele voltará a lecionar Direito na Universidade de Harvard (EUA).
Mangabeira estava licenciado da universidade há dois anos -desde que assumiu a secretaria, em junho de 2007- e não conseguiu renovar sua licença com a universidade, o que vinha tentando há algumas semanas. Ele comunicou sua saída ao presidente sexta-feira.
Assumirá interinamente o cargo Daniel Vargas, que é subchefe executivo da secretaria e foi seu aluno em Harvard.
Lula disse que ainda não definiu quem ocupará a vaga de forma permanente e que decidirá com o vice-presidente, José Alencar, responsável pela indicação de Mangabeira. Segundo a Folha apurou, ele deverá optar por manter Vargas no cargo até o fim do governo para evitar disputas entre os partidos aliados em meio à crise no Senado.
Mangabeira deverá divulgar hoje uma carta de 37 páginas que entregou a Lula com o pedido de demissão e um balanço de suas ações. A Folha tentou falar com ele via assessoria, mas foi informada que ele comentará a saída hoje.
Os dois anos de Mangabeira à frente da secretaria responsável por planejar o desenvolvimento do país sempre foram pautados por polêmicas. A começar pela criação do próprio órgão, que teve como nome inicial Secretaria Especial para Ações de Longo Prazo -logo apelidada de "Sealopra".
Pouco mais de um mês após a escolha por Mangabeira, Lula tentou impedir sua entrada no governo -e, por consequência, decretar o fim do ministério criado para formular as políticas públicas do Brasil- porque ficou contrariado com as relações entre o futuro ministro e o banqueiro Daniel Dantas.
À época, Mangabeira movia uma ação contra a Brasil Telecom, telefônica que tem fundos de pensão estatais entre seus principais acionistas. Ele prestara serviços como consultor à empresa e teria recebido US$ 2 milhões pelo trabalho.
Os problemas de Mangabeira continuaram com os ministros Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário), Carlos Minc (Meio Ambiente) e Marina Silva. A ministra, que antecedeu Minc, teria se demitido por Lula ter escolhido Mangabeira para coordenar o PAS (Plano Amazônia Sustentável). Marina viu na decisão um retrocesso na área ambiental. (SIMONE IGLESIAS)


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