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Mangabeira deixa governo e volta a Harvard
Lula anuncia a saída do ministro, que não obteve renovação do afastamento da universidade, da qual está licenciado há dois anos
Gestão à frente da Secretaria de Assuntos Estratégicos foi marcada por polêmicas com ministros de Meio Ambiente e Desenvolvimento Agrário
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou ontem a
saída do ministro Roberto
Mangabeira Unger da Secretaria de Assuntos Estratégicos.
Segundo Lula, ele voltará a lecionar Direito na Universidade
de Harvard (EUA).
Mangabeira estava licenciado da universidade há dois anos
-desde que assumiu a secretaria, em junho de 2007- e não
conseguiu renovar sua licença
com a universidade, o que vinha tentando há algumas semanas. Ele comunicou sua saída ao presidente sexta-feira.
Assumirá interinamente o
cargo Daniel Vargas, que é subchefe executivo da secretaria e
foi seu aluno em Harvard.
Lula disse que ainda não definiu quem ocupará a vaga de forma permanente e que decidirá
com o vice-presidente, José
Alencar, responsável pela indicação de Mangabeira. Segundo
a Folha apurou, ele deverá optar por manter Vargas no cargo
até o fim do governo para evitar
disputas entre os partidos aliados em meio à crise no Senado.
Mangabeira deverá divulgar
hoje uma carta de 37 páginas
que entregou a Lula com o pedido de demissão e um balanço
de suas ações. A Folha tentou
falar com ele via assessoria,
mas foi informada que ele comentará a saída hoje.
Os dois anos de Mangabeira
à frente da secretaria responsável por planejar o desenvolvimento do país sempre foram
pautados por polêmicas. A começar pela criação do próprio
órgão, que teve como nome inicial Secretaria Especial para
Ações de Longo Prazo -logo
apelidada de "Sealopra".
Pouco mais de um mês após
a escolha por Mangabeira, Lula
tentou impedir sua entrada no
governo -e, por consequência,
decretar o fim do ministério
criado para formular as políticas públicas do Brasil- porque
ficou contrariado com as relações entre o futuro ministro e o
banqueiro Daniel Dantas.
À época, Mangabeira movia
uma ação contra a Brasil Telecom, telefônica que tem fundos
de pensão estatais entre seus
principais acionistas. Ele prestara serviços como consultor à
empresa e teria recebido US$ 2
milhões pelo trabalho.
Os problemas de Mangabeira
continuaram com os ministros
Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário), Carlos Minc
(Meio Ambiente) e Marina Silva. A ministra, que antecedeu
Minc, teria se demitido por Lula ter escolhido Mangabeira
para coordenar o PAS (Plano
Amazônia Sustentável). Marina viu na decisão um retrocesso na área ambiental.
(SIMONE IGLESIAS)
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