São Paulo, Quarta-feira, 30 de Junho de 1999
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CPI DO JUDICIÁRIO
Empresário Fábio Monteiro de Barros depõe sobre obra do fórum do TRT-SP
Luiz Estevão deve ser convocado

FLÁVIA DE LEON
da Sucursal de Brasília

O senador e empresário Luiz Estevão de Oliveira (PMDB-DF), dono do Grupo OK, deverá ser convocado para depor na CPI do Judiciário para explicar as operações financeiras e empreendimentos que mantém com o empresário Fábio Monteiro de Barros Filho e suas empresas, principalmente a Ikal Construções e a Incal Incorporações.
A convocação seria decidida em sessão secreta ontem, após o depoimento de Monteiro de Barros, que começou às 10h20 e foi suspenso às 19h20 para que os senadores participassem da sessão conjunta do Congresso. Segundo membros da CPI, o depoimento de Estevão, pedido pelo senador José Eduardo Dutra (PT-SE), seria aprovado.
O Ministério Público investiga irregularidades na construção do Fórum Trabalhista de São Paulo, obra que as empresas de Monteiro de Barros ganharam sem ter nem ao menos participado da licitação.
Questionado por Dutra sobre os negócios que teria com o Grupo OK, Monteiro de Barros não citou procurações que a Ikal passou para o Grupo OK para que recebesse as verbas públicas de duas obras que sua empreiteira mantinha em Pernambuco.
Depois de confrontado com as cópias das procurações, Monteiro de Barros disse que são garantias a empréstimos que tem feito no Banco OK desde o ano passado, quando suas contas e bens foram bloqueados por determinação do Ministério Público de São Paulo.
"Então pelo menos nessa obra do Dnocs (Adutora), a Ikal é uma laranja", afirmou Dutra. Também foi encontrada procuração do OK para um engenheiro da Ikal poder movimentar recursos da Saemco.
Segundo Estevão, as procurações são garantias dos empréstimos tomados por Monteiro de Barros. "Essa procuração foi dada para que, caso acontecesse de ficarem impossibilitados de movimentar suas contas, eles pudessem ter um mínimo de recursos", disse Estevão. Ele afirmou que irá depor na CPI, caso seja convocado.
Monteiro de Barros listou cinco negócios entre suas empresas e as de Estevão: construção do prédio da Ordem dos Advogados do Brasil em Brasília, compra e venda de um terreno em Brasília, compra de parte de um terreno em São Paulo, atuação conjunta na construção do terminal de cargas do porto do Rio e compra da fazenda Agropecuária Reunidas.
Segundo Monteiro de Barros, a fazenda já não pertence a Estevão. Ele disse que comprou a parte do senador e que o dinheiro foi usado para quitar dívida da Saemco (empresa de Estevão) com o INSS.


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