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REFORMA SOB PRESSÃO
Líderes da base do governo na Câmara se reúnem e dizem apoiar reivindicação de magistrados
Subteto do Judiciário divide Planalto e aliados
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A discussão sobre qual será o
subteto salarial do Judiciário nos
Estados colocou novamente em
campos opostos o governo e sua
base de sustentação na Câmara.
Mesmo com a posição oficial do
Planalto de não ceder, os líderes
dos partidos da base se reuniram
ontem e deixaram claro no encontro que apóiam a reivindicação do Judiciário de aumentar o
subteto proposto na reforma da
Previdência de 75% para 90,25%
do salário pago ao ministro do
STF (Supremo Tribunal Federal).
O subteto em 75% (o equivalente a R$ 12.877,50) é um dos pontos
mais polêmicos do parecer do deputado José Pimentel (PT-CE),
tendo sido o responsável por um
lobby contrário dos principais representantes da magistratura que
até marcaram uma greve contra a
reforma. Eles querem o teto de
90,25%, equivalente a R$
15.538,00 hoje.
A posição quase unânime dos líderes em favor dos juízes é baseada no argumento de que o parecer
de Pimentel, que deve ir a voto no
plenário na próxima quarta-feira,
contrariaria a determinação constitucional de irredutibilidade do
subsídio dos juízes e, devido a isso, seria derrubado pelo STF.
"O governo tem uma base parlamentar e a base vai colocar, no
tempo devido, se nós temos condições de aprovar a reforma originalmente ou se a gente quer alguma modificação", afirmou o deputado Nelson Pellegrino (BA), líder da bancada do PT.
Segundo ele, há "sensibilidade"
da base para alterar o subteto e a
proposta das novas pensões, que
terão uma redução entre 30% e
100% do que exceder R$ 1.058
-os deputados querem elevar a
faixa isenta para R$ 2.400.
"O desejo do governo é aprovar
o relatório na íntegra, mas há o
desejo dos líderes de aprimorar
alguns pontos", afirmou Eunício
Oliveira (CE), líder da bancada do
PMDB. Durante a tramitação na
comissão especial, a base aliada já
tinha encampado publicamente
várias propostas do Judiciário,
mas acabou sendo desautorizada
pelo governo, que atendeu a pressão dos governadores, temerosos
pelos impactos das alterações nos
caixas estaduais.
No final, chegou-se a uma solução mediadora: o subteto do Judiciário ficou em 75%, mas o governo aceitou manter, para os atuais
servidores, o salário integral na
aposentadoria e a paridade de
reajustes entre ativos e inativos.
Em contraponto ao posicionamento dos líderes, os representantes do governo afirmam que o
Planalto encerrou a conversa.
"Acreditamos que as chances [de
mudanças] são mínimas ou quase
inexistentes", disse Pimentel. Segundo ele, qualquer alteração "terá que passar pelos governadores
e pela Casa Civil".
Os ministros José Dirceu (Casa
Civil) e Ricardo Berzoini (Previdência) deram declarações reforçando a resistência. Eles se reuniriam na noite de ontem com a liderança do governo na Câmara
para saber a posição da base.
Apesar de sua posição contrária, o governo também não deve
se empenhar para manter o subteto de 75%, aceitando uma derrota na votação. Os governadores
é que podem tentar articular suas
bancadas para tentar evitar a mudança do relatório de Pimentel.
Ontem, foi grande a movimentação de magistrados no Congresso. Pimentel recebeu vários e se
reuniu no fim da tarde com o presidente do STF, Maurício Corrêa.
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