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REFORMA SOB PRESSÃO
Líderes dos magistrados e dos procuradores se reúnem hoje para discutir recuo na paralisação
Corrêa acredita que greve será suspensa
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do STF (Supremo
Tribunal Federal), ministro Maurício Corrêa, disse estar convencido de que os juízes voltarão atrás
na decisão de fazer uma greve nacional de 5 a 12 de agosto.
"Eu estou seguro de que vai haver uma reflexão sobre isso e essa
greve vai ser suspensa", afirmou,
depois de uma série de audiências
com juízes e com o relator da reforma da Previdência, deputado
federal José Pimentel (PT-CE).
Os dirigentes da AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros)
irão se reunir hoje para decidir sobre o recuo. A Conamp (Associação Nacional dos Membros do
Ministério Público), que havia
acompanhado a AMB na deliberação de paralisar as atividades,
também se reunirá hoje.
Nos dois casos, a tendência é
suspender a greve, por dois motivos: sinais da base governista de
que elevará o subteto salarial dos
Estados e evidência de que a realização da greve colocará a opinião
pública contra a magistratura.
"O clima hoje está bem melhor
do que na semana passada, mas
não posso dizer que isso é suficiente", disse o presidente da
AMB, Claudio Baldino Maciel,
que preferiu não antecipar o resultado da reunião.
Direito adquirido
O relator da reforma da Previdência, José Pimentel (PT-CE), foi
ao STF em busca de garantia de
que, estabelecidos o teto salarial
do funcionalismo e o subteto dos
Estados, o Judiciário não irá aceitar ações de servidores que ganhem mais que esses limites, em
nome do direito adquirido.
O teto corresponderá ao salário
de ministros do STF, de R$ 17.170.
Por pressão dos governadores, o
relator previu que o subteto seria
75% da remuneração do Supremo (R$ 12.870). Os juízes querem
90,25% (R$ 15.538).
O maior receio do governo é
que muitos desembargadores,
que estão no topo da carreira da
Justiça dos Estados e ganham
mais do que os ministros do STF,
busquem sentenças judiciais para
barrar o desconto salarial.
Segundo Pimentel, Corrêa assegurou que não haveria direito adquirido nesse caso porque a
Constituição não o reconhece em
relação especificamente à fixação
do teto salarial (artigo 17 do Ato
das Disposições Constitucionais
Transitórias). Entretanto o ministro não confirmou essa avaliação.
"Não podemos evitar que A, B ou
C proponha ação nos Estados. Isso evidentemente vai ser julgado,
e ninguém pode dizer qual será o
resultado", declarou.
Corrêa ponderou que, de modo
geral, o limite salarial seria respeitado. "Essa proposta é moralizadora, quando procura estabelecer
um subteto para os Estados. Estabelecido o subteto, o desembargador vai ganhar por hipótese 15
mil. Quem ganha mais do que isso
não vai receber o excesso."
De manhã, ele participou de
uma solenidade no Palácio do
Planalto, mas não chegou a conversar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O ministro da
Justiça, Márcio Thomaz Bastos,
criticou a possibilidade de paralisação dos juízes. "A greve do Judiciário é um erro grave."
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