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Para Berzoini, subteto
de 75% não é "ofensa"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os ministros José Dirceu (Casa
Civil) e Ricardo Berzoini (Previdência) deram sinais ontem de
que o governo vai jogar duro na
defesa do relatório que foi aprovado na comissão especial da reforma da Previdência. Berzoini
chegou a afirmar que o subteto
para o Judiciário nos Estados
equivalente a 75% do salário de
ministro do Supremo Tribunal
Federal não é "uma ofensa".
"É bom lembrar que o presidente da República ganha menos que
um juiz federal ou estadual. Os
ministros também. Portanto, não
é nenhuma ofensa o fato de estabelecer um teto de 75% da remuneração do STF", afirmou Berzoini. A definição do subteto da categoria é o ponto de maior embate
entre governo e Judiciário.
Apesar das declarações, o governo ainda negocia com os líderes no Congresso mudanças no
relatório. O problema é que os governadores não aceitam o aumento do teto e pressionam o governo
para não abrir mão dos 75%.
Questionado ontem se não estaria sendo arrogante ao ser inflexível na defesa do subteto de 75%,
Berzoini respondeu: "Ninguém é
arrogante ao falar que está descartado por completo [subteto de
90,25%, pedido pelo Judiciário]".
Sobre os pontos de divergência
com a base aliada na Câmara, Dirceu disse que "os líderes estão discutindo a reforma no Congresso",
mas a posição do governo é a que
está definida no relatório.
"Vamos defender o relatório do
deputado José Pimentel [PT-CE]
no plenário. A posição do governo já é pública e eu a reitero", afirmou José Dirceu. "Não é questão
de intransigência. O presidente
Lula sempre nos orientou para
adotarmos a postura do diálogo e
do entendimento, o que não quer
dizer concordar com a tese dos
outros", declarou Berzoini.
O objetivo é votar a reforma da
Previdência em primeiro turno
na Câmara, na próxima semana.
"Se houver apoio da sociedade e
maioria no Congresso, como está
havendo, acho que vamos fazer as
reformas da Previdência e tributária e, depois, a trabalhista. O
Congresso fará a reforma do Judiciário e a política", disse ele.
Atores
Para o ministro da Previdência,
os segmentos que têm "direitos
consolidados e amplos" devem
olhar mais para o resto do Brasil.
"O país precisa construir uma sociedade mais democrática e mais
equilibrada. Esse é o objetivo da
reforma", declarou Berzoini.
Ele disse ainda que, embora o
governo defenda o diálogo com
os diversos setores, o local para
esse debate agora é o Congresso
Nacional. "O governo observa e
articula, mas os atores principais
são os deputados e senadores."
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