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CGU vê fraude em licitações de novos citados
Deputados apontados por órgão, mas ainda não notificados por CPI, tiveram todas suas emendas disputadas por quadrilha
Controladoria ressalva que
não há prova cabal contra
Márcio Reinaldo (PP), Aroldo
Cedraz e Arolde de Oliveira
(PFL) e João Almeida (PSDB)
LEONARDO SOUZA
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As licitações para a compra
de ambulâncias levantadas pela
Controladoria Geral da União a
partir das emendas dos deputados Aroldo Cedraz (PFL-BA),
Arolde de Oliveira (PFL-RJ),
João Almeida (PSDB-BA) e
Márcio Reinaldo de Moreira
(PP-MG) foram fraudadas, segundo documentos da CGU obtidos pela Folha.
Em todos os casos listados
pelo órgão, não só uma das empresas da quadrilha dos sanguessugas venceu a concorrência como praticamente todas as
demais participantes faziam
parte da máfia.
Em um convênio de uma das
prefeituras atendidas por Márcio Reinaldo, por exemplo, a
empresa vencedora apresentou um documento com assinatura falsificada para simular
a participação de uma companhia concorrente de fora da
quadrilha.
Ao ser informado sobre os
documentos em posse da reportagem, o ministro da CGU,
Jorge Hage, confirmou que as
irregularidades nas licitações a
partir das emendas dos quatro
deputados foram comprovadas. "Confirmo que efetivamente houve fraude nessas licitações", disse Hage.
O ministro ressaltou, contudo, que não significa que os deputados estejam envolvidos
com o esquema. "Apesar das
fraudes, não quer dizer que os
parlamentares tenham ligação
com a quadrilha", disse.
Os quatro deputados integram lista enviada pela CGU à
CPI dos Sanguessugas na semana passada com 12 novos
nomes (incluindo ex-parlamentares) que ainda não haviam sido mencionados como
alvo das investigações.
Os membros da comissão
ainda não chegaram a um acordo sobre a notificação ou não
dos quatro deputados, o que
deve ser decidido na semana
que vem.
Márcio Reinaldo
Foram três emendas do deputado (de R$ 56 mil cada), para três municípios mineiros. Na
licitação feita pelo município
de Pompéu, a CGU identificou
várias irregularidades que caracterizaram a fraude.
Três empresas participaram
da concorrência. Uma delas foi
a empresa mineira Lealmaq,
pertencente a Aristóteles Leal
Neto, que fechou parceria com
a família Vedoin (dona da Planam) para "dar cobertura" às
demais empresas da quadrilha
em negócios fora de Minas Gerais, segundo a Polícia Federal.
Em troca, a família Vedoin simularia participar de concorrências em Minas para que a
Lealmaq ganhasse.
A segunda concorrente era a
U.M.S. Segundo a Folha apurou, o sócio-gerente da empresa é Acyr Gomes Leal, também
sócio da Lealmaq.
A terceira empresa, na verdade, não participou da concorrência. A quadrilha apresentou uma declaração com assinaturas falsas de dirigentes
da Platina Ônibus, empresa
que não faz parte da máfia.
Os dirigentes da empresa encaminharam à CGU declaração
na qual afirmaram que as assinaturas em nome da empresa
haviam sido falsificadas.
Além disso, a CGU identificou que o texto das "propostas"
dos três licitantes era praticamente o mesmo, com "idênticos erros ortográficos, gramaticais e de digitação".
No município de Monte
Azul, a prefeitura fez uma licitação em setembro de 2001. O
ônibus entregue pela Lealmaq
já tinha dez anos de uso. Para
dar legalidade à entrega de um
ônibus tão velho, a prefeitura
determinou no convite-proposta enviado às empresas que
o veículo objeto da licitação poderia ser "montado em cima de
chassis após 1990".
João Almeida
O deputado apresentou duas
emendas que basearam oito
convênios para a compra de
ambulâncias em cinco municípios distintos, no valor total de
R$ 544.738. Nos oito convênios, as licitações foram vencidas por empresas da quadrilha,
e as demais concorrentes também pertenciam ao grupo.
Aroldo Cedraz
Uma única emenda do parlamentar foi subdividida em três
convênios, ao valor total de R$
340.872. No município de Planaltino (BA), a vencedora foi a
Klass. Uma das concorrentes
era a Adilvan Com. e Distr., pertencente a Ronildo Medeiros,
um dos integrantes da quadrilha. Em Mundo Novo, a Klass
também saiu vencedora, mas a
CGU informou que a prestação
de contas do município não indica as demais concorrentes.
Arolde de Oliveira
O deputado apresentou três
emendas, somando R$ 348 mil.
Nos municípios de Italva e Paracambi (RJ), a Santa Maria
venceu as duas licitações, tendo
como concorrentes a Lealmaq
e a Comercial Rodrigues (também pertencente à quadrilha).
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