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Promotoria reprova conta da Fundação Sarney
DO ENVIADO A SÃO LUÍS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO LUÍS
Relatório do Ministério Público do Maranhão aponta irregularidades na aplicação de R$
2,4 milhões recebidos pela
Fundação José Sarney, em São
Luís, de 2004 a 2007. A quantia
corresponde às verbas repassadas à entidade pela Petrobras
em 2005, pelo governo do Maranhão e pela Fundação Filantrópica Safra em 2004.
A promotora de Justiça Sandra Lúcia Mendes Alves Elouf
reprovou as contas da fundação
nesta semana e anunciou que
quer intervenção na entidade
para destituir todos os diretores e conselheiros. Eles são ligados ao presidente do Senado,
José Sarney (PMDB-AP), fundador da entidade.
O objetivo da intervenção é
"sanar as contas". Elouf afirma
que tenta um acordo com os dirigentes. Caso recusem o afastamento, ela entrará com ação
na Justiça para destituí-los.
São integrantes do conselho
o filho de Sarney Fernando Sarney, o irmão Ronald e o genro
Jorge Murad, marido da governadora Roseana (PMDB-MA).
A Petrobras repassou R$ 1,34
milhão de 2005 a 2008 para a
fundação recuperar o acervo.
Desse total, R$ 1,078 milhão
caiu na conta da entidade em
26 de dezembro de 2005. Cinco
dias depois, R$ 975 mil foram
aplicados em CDB/RDB.
"O objetivo do convênio foi
desvirtuado, posto que o valor
patrocinado foi aplicado em
CDB/RDB", diz o relatório.
A fundação recebeu ainda R$
960 mil da Secretaria de Cultura do Maranhão em 2004 para
conservação e exposição" do
acervo, mas foi aplicada em
despesas administrativas.
Também em 2004 foi considerada indevida a aplicação em
CDB/RDB de R$ 500 mil doados pela Fundação Filantrópica Safra. A promotora diz ainda
ter sido irregular o repasse de
R$ 198 mil para a Abom (Associação dos Amigos do Bom Menino das Mercês). Segundo
Elouf, dinheiro público repassado à fundação foi transferido
à Abom para bancar "despesa
de manutenção da ONG".
Em nota, o presidente em
exercício da Fundação Sarney,
José Carlos Sousa Silva, disse
"estranhar" que a Promotoria
tenha se manifestado "somente
agora, e de uma só vez", pela reprovação das contas da entidade entre 2004 e 2007, "como se
os anos contábeis tivessem se
encerrado agora".
Silva qualificou a tomada de
posição da Promotoria como
um "procedimento administrativo, sem caráter de condenação". "Até porque não leva em
consideração os princípios
constitucionais do contraditório e da ampla defesa."
Sobre a intenção da promotora de intervir na fundação e
destituir a diretoria e o atual
conselho curador, disse que a
entidade não foi notificada.
A assessoria de Sarney disse
que ele não se manifesta sobre
assuntos relativos à administração da entidade, da qual é
presidente vitalício. O celular
do presidente da Abom, Raimundo Nonato, estava desligado ou fora da área de serviço.
A assessoria da Petrobras foi
contatada por e-mail, ao qual
não respondeu até ontem.
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