São Paulo, quinta-feira, 30 de julho de 2009

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Sarney vai discutir sua renúncia com Lula

Presidente insiste para que senador resista; pressionado por sua família a deixar o cargo, peemedebista diz que precisa de apoio

Lula e Sarney devem se reunir na próxima semana; senador não deseja sair, mas diz que precisa avaliar se ainda possui sustentação

Luiz Carlos Murauskas/Folha Imagem
O governador Aécio Neves após encontro com Sarney em SP


VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Sob forte pressão da família para que renuncie, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), vai decidir seu futuro numa conversa pessoal com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que pode acontecer na próxima semana, quando o Congresso Nacional retomar os seus trabalhos.
Lula e Sarney se falaram nos últimos dias por telefone. O presidente da República insistiu em pedir que o senador não renuncie ao comando do Senado. O peemedebista disse que seu desejo é resistir, mas que para isso precisa de apoio.
Os dois acertaram, então, que terão mais uma conversa pessoal para discutir a evolução da crise no Senado, que se arrasta desde fevereiro.
Em conversa com aliados, o presidente do Senado também disse que não deseja renunciar nem cogita pedir licença do cargo no momento. A assessores mais próximos, porém, disse que pode não valer a pena resistir caso sinta que de fato perdeu apoio entre senadores governistas, como os petistas.
Apesar do apelo de Lula, os filhos de Sarney têm se queixado da exposição da família, inclusive de suas netas, e duvidam que a onda de denúncias seja minimizada com o fim do recesso parlamentar.
Alvo de investigação da Polícia Federal, Fernando Sarney viaja hoje a São Paulo para convencer o pai a renunciar. Além das denúncias, os filhos expressam preocupação com o estado de saúde de Sarney, que tem usado calmantes para dormir.

CPI da Petrobras
Como Sarney viaja domingo para Brasília, a decisão pode ser tomada na semana que vem. O presidente teme que uma renúncia de Sarney divida a base aliada, fragilizando o governo nos trabalhos da CPI da Petrobras. O presidente tem repetido a auxiliares que não deseja enfrentar novamente uma CPI no estilo da que investigou o mensalão, quando os governistas perderam o controle sobre as investigações.
Sarney reclamou, mais uma vez, de estar sendo vítima de uma campanha e que, até agora, todas as acusações levantadas contra ele não podem ser classificadas de crimes. Se fossem, diz ele, outros senadores também teriam de enfrentar as mesmas acusações.
Lula reiterou seu apoio ao peemedebista e prometeu conversar com a bancada de senadores do PT, que mais uma vez ensaia pressionar o senador a deixar a Presidência do Senado por conta das acusações de nomeação de parentes por meio de atos secretos e irregularidades na Fundação José Sarney.
A conversa de Lula e Sarney já surtiu um efeito. O Planalto pediu a senadores petistas que, nesta semana, evitassem fazer comentários públicos sobre o presidente do Senado, num momento em que ele acompanha sua mulher, Marly, hospitalizada em São Paulo por conta de uma cirurgia no ombro.
Aliados de Sarney avaliam também que, com o fim do recesso, será possível medir a temperatura no Senado, até para a escolha de seu sucessor.


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