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Sarney vai discutir sua renúncia com Lula
Presidente insiste para que senador resista; pressionado por sua família a deixar o cargo, peemedebista diz que precisa de apoio
Lula e Sarney devem se reunir na próxima semana; senador não deseja sair, mas diz que precisa avaliar se ainda possui sustentação
Luiz Carlos Murauskas/Folha Imagem
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O governador Aécio Neves após encontro com Sarney em SP |
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Sob forte pressão da família
para que renuncie, o presidente
do Senado, José Sarney
(PMDB-AP), vai decidir seu futuro numa conversa pessoal
com o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, que pode acontecer na próxima semana, quando o Congresso Nacional retomar os seus trabalhos.
Lula e Sarney se falaram nos
últimos dias por telefone. O
presidente da República insistiu em pedir que o senador não
renuncie ao comando do Senado. O peemedebista disse que
seu desejo é resistir, mas que
para isso precisa de apoio.
Os dois acertaram, então, que
terão mais uma conversa pessoal para discutir a evolução da
crise no Senado, que se arrasta
desde fevereiro.
Em conversa com aliados, o
presidente do Senado também
disse que não deseja renunciar
nem cogita pedir licença do
cargo no momento. A assessores mais próximos, porém, disse que pode não valer a pena resistir caso sinta que de fato perdeu apoio entre senadores governistas, como os petistas.
Apesar do apelo de Lula, os filhos de Sarney têm se queixado
da exposição da família, inclusive de suas netas, e duvidam
que a onda de denúncias seja
minimizada com o fim do recesso parlamentar.
Alvo de investigação da Polícia Federal, Fernando Sarney
viaja hoje a São Paulo para convencer o pai a renunciar. Além
das denúncias, os filhos expressam preocupação com o estado
de saúde de Sarney, que tem
usado calmantes para dormir.
CPI da Petrobras
Como Sarney viaja domingo
para Brasília, a decisão pode ser
tomada na semana que vem. O
presidente teme que uma renúncia de Sarney divida a base
aliada, fragilizando o governo
nos trabalhos da CPI da Petrobras. O presidente tem repetido a auxiliares que não deseja
enfrentar novamente uma CPI
no estilo da que investigou o
mensalão, quando os governistas perderam o controle sobre
as investigações.
Sarney reclamou, mais uma
vez, de estar sendo vítima de
uma campanha e que, até agora,
todas as acusações levantadas
contra ele não podem ser classificadas de crimes. Se fossem,
diz ele, outros senadores também teriam de enfrentar as
mesmas acusações.
Lula reiterou seu apoio ao
peemedebista e prometeu conversar com a bancada de senadores do PT, que mais uma vez
ensaia pressionar o senador a
deixar a Presidência do Senado
por conta das acusações de nomeação de parentes por meio
de atos secretos e irregularidades na Fundação José Sarney.
A conversa de Lula e Sarney
já surtiu um efeito. O Planalto
pediu a senadores petistas que,
nesta semana, evitassem fazer
comentários públicos sobre o
presidente do Senado, num
momento em que ele acompanha sua mulher, Marly, hospitalizada em São Paulo por conta de uma cirurgia no ombro.
Aliados de Sarney avaliam
também que, com o fim do recesso, será possível medir a
temperatura no Senado, até para a escolha de seu sucessor.
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