São Paulo, quinta-feira, 30 de julho de 2009

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Procuradoria quer suspender busca de ossadas no Araguaia

Órgão pede à Justiça interrupção de atividades até que militares sejam ouvidos

Defesa, pasta que coordena buscas, diz que ainda não recebeu informações sobre pedido; no dia 10 começam os trabalhos de escavações


Joel Silva - 22.jul.09/Folha Imagem
Equipe de busca em trabalho de reconhecimento no Araguaia

LUCAS FERRAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério Público Federal do Distrito Federal solicitou à Justiça a suspensão das atividades de busca das ossadas de guerrilheiros no Araguaia até que sejam ouvidos todos os militares ainda vivos que participaram da repressão à guerrilha nos anos 70.
Para o órgão, é imprescindível colher o depoimento dessas pessoas para o sucesso da ação, exigida por decisão judicial em que a União é ré. Caberá à 1ª Vara da Justiça Federal do DF, a mesma que condenou a União a realizar as buscas, decidir se suspenderá ou não a ação.
O documento, elaborado há mais de um mês pela procuradora Luciana Loreiro, ainda está em análise na secretaria da 1ª Vara, segundo a Justiça.
Nele, a procuradora diz que "tais ações muito provavelmente não terão eficácia se, antes, não forem intimados a prestar depoimento todos os agentes militares ainda vivos que tenham participado de quaisquer operações."
Loureiro ressalta ainda que as "ações empreendidas pelas Forças Armadas [reconhecimento de áreas, escavações e análise laboratorial] não são, em verdade, obrigações necessárias da sentença, ao contrário do que tem sido divulgado".
Entidades ligadas aos direitos humanos têm criticado o trabalho liderado pelo Ministério da Defesa. A ONG Tortura Nunca Mais, do Rio, chegou a classificar as buscas como "encenação para inglês ver".
O trabalho que procura ossadas de militantes mortos na guerrilha (1972-75) já começou. Desde o início de julho, um grupo com cerca de 30 pessoas percorre a região em busca de vestígios. No próximo dia 10 começam os trabalhos de escavações, previstos em dez locais.
O Ministério da Defesa disse que não recebeu informações sobre o pedido. Segundo o órgão, as Forças Armadas estão prestando "apenas apoio logístico e administrativo" ao grupo de trabalho. A pasta não comentou sobre a afirmação do Ministério Público de que as ações no Araguaia não são obrigações necessárias da sentença.
O ministério informou que pediu à Advocacia Geral da União que solicitasse à Justiça o depoimento de Sebastião Curió Rodrigues de Moura, o major Curió, um dos nomes mais emblemáticos no combate à guerrilha. A 1ª Vara da Justiça Federal, contudo, ainda não marcou a data do depoimento.


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