São Paulo, quinta, 30 de julho de 1998

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Leilão tem clima tranquilo

CYNARA MENEZES
enviada especial ao Rio

Se do lado de fora o clima era de guerra, dentro do prédio da Bolsa tudo ocorreu tão tranquilo quanto os prazos que os consórcios têm agora para pagar as teles - espécie de cheque pré-datado, com entrada e duas prestações.
A confraternização era geral. Abraços, parabéns, aplausos, troca de elogios entre os vencedores. O retrato da satisfação estava estampado no rosto da superintendente de Privatização do BNDES, Estela Palombo, que comemorava: "Vendemos. Agora tudo que eu quero é fumar um cigarro". É proibido fumar na Bolsa.
Os mais eufóricos eram os espanhóis, totalmente orgulhosos deles mesmos por haver arrebatado a "joya de la corona', como definiram a Telesp. Ou, em tradução livre: o filé da telefonia. Pela alegria reinante, tampouco se pode dizer que alguém levou o osso.
A disputa, não muito surpreendente, teve momentos emocionantes nas duas disputas de viva voz, que faziam lembrar ao distraído que se tratava de um leilão. Em busca de emoções fortes, os concorrentes vibravam quando era anunciada a disputa em lances.
Nesse momento, um personagem anônimo tinha seu momento de glória: o operador. Quem dá o lance é o representante da empresa, mas quem grita no pregão é ele. E não pode vacilar.
O operador que comemorou a compra da Telesp Celular (outro filé) para a Portugal Telecom, Laércio dos Santos, 34, 15 de mercado financeiro, apelou para a ajuda divina.
"Confesso que na hora de entregar eu consagrei (benzi) o envelope", disse Santos, que é dublê de bispo evangélico na igreja Renascendo em Cristo em São Paulo.
Entre operadores, investidores e jornalistas, outra figura também se destacava: o candidato a deputado federal e ex-presidente do BNDES Márcio Fortes, que distribuía santinhos em pleno pregão. Tantos ternos e cifrões pareciam mesmo ser o local perfeito para encontrar patrocinadores de campanha.




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