|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Mascarados
acuam a PM
no protesto
SERGIO TORRES
da Sucursal do Rio
PATRICIA ZORZAN
enviada especial ao Rio
Estudantes, punks, anarquistas,
"carecas", militantes de partidos
políticos, de sindicatos, dos Movimentos Sem Terra e Sem Teto e até
mendigos formaram uma milícia
mascarada que acuou a Polícia
Militar no centro do Rio ontem.
O combate aos policiais não teve
organização prévia. Representantes de grupos ideologicamente rivais se uniram na hora para enfrentar com pedradas 3.000 policiais bem armados e protegidos
por viseiras e escudos.
Inimigos tradicionais, punks e
"carecas" atuaram em parceria
nas agressões. Da mesma forma,
estudantes de facções políticas rivais uniram-se para recolher as
pedras atiradas contra policiais.
A reação dos manifestantes teve
a adesão imediata de pessoas que
habitam as ruas do centro, camelôs e desempregados.
O "buraco do Lume" (largo de
pedestres entre as ruas São José e
Nilo Peçanha) foi o ponto de concentração da milícia improvisada.
Dali, com os rostos cobertos com
camisas, máscaras e panos, seus
integrantes partiam com o objetivo de apedrejar os policiais.
A preferência pelo "buraco do
Lume" é explicada pela abundância de pedras soltas no calçamento, além de, no início dos tumultos, ter sido um local de pouco policiamento.
Os primeiros a cobrir o rosto foram os sem-terra afugentados pela
PM do acampamento em frente à
Assembléia Legislativa. Estudantes e militantes dispostos a enfrentar a PM os imitaram. A seguir,
mendigos e menores de rua aderiram aos mascarados.
Os organizadores do protesto
contra a privatização da Telebrás
admitiram ter perdido o controle
sobre o ato.
Transtornados, sindicalistas e
membros de partidos políticos se
colocavam entre manifestantes e
policiais e pediam aos gritos o fim
da guerra de pedras e bombas de
efeito moral e de gás.
"Perdemos o carro de som, que
era a nossa voz. Aí a coisa ficou
feia", declarou Paulo Novaes, diretor da CUT (Central Única dos
Trabalhadores) e do Sinttel (Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações) do Rio de Janeiro.
"Tentamos controlar o pessoal,
mas os ânimos se exaltaram.
Quem leva pancada tem de revidar", explicou Paulo César Anchieta Capela, diretor da Sinttel.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|