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SUCESSÃO
Eliseu Padilha completa 339 mil km de viagens pelo país
Ministro "itinerante' exige
relação pacífica de aliados
LUCIO VAZ
da Sucursal de Brasília
O ministro Eliseu Padilha
(Transportes) antecipa nas viagens aos Estados a estratégia de
campanha do presidente Fernando Henrique Cardoso. Ele libera
verbas, mas exige "convivência
civilizada" entre os aliados que
disputam os governos estaduais.
Hoje integrante do comando de
campanha do presidente, o ministro do PMDB completou nesta semana 339 mil quilômetros de viagens pelo país -o equivalente a
uma viagem à Lua.
Ele assinou convênios, visitou
obras, fez inaugurações, deu palestras e foi a reuniões em 23 Estados. Divulga sempre as realizações
do ministério e do governo FHC.
O ministro está aproveitando o
espaço espontâneo nos veículos de
comunicação locais, já que o governo não pode fazer propaganda
oficial de suas obras. O seu maior
desafio é não transpor o limite entre a atividade administrativa e a
campanha política.
A Folha acompanhou na semana passada a viagem ao Amazonas
e Roraima, onde Padilha vistoriou
obras na BR-174 e na BR-319 e participou de reunião com candidatos
do PMDB.
Na visita a Roraima, ele procurou distinguir a atividade de ministro com a de líder do PMDB.
Visitou uma ponte na BR-174, ao
lado do governador Neudo de
Campos (PPB), que tenta a reeleição, e da senadora Marluce Pinto
(PMDB), candidata ao governo.
Depois, assinou um convênio no
valor de R$ 1 milhão com o prefeito Otomar Pinto (PTB), marido de
Marluce, na Prefeitura de Boa Vista. Estava marcada para o mesmo
local uma reunião do ministro
com candidatos do PMDB.
Otomar avisou: "Os candidatos
na outra sala. Senão, eu tenho de
pagar Ufir (ele se referia à multa
que pode ser imposta pela Justiça
Eleitoral pelo uso de prédio público em campanha eleitoral)".
Os candidatos a deputado foram
para a sala ao lado, mas Marluce
participou da solenidade. Após a
assinatura do convênio, o ministro, a senadora e o prefeito também foram para a sala ao lado e
realizaram uma reunião a portas
fechadas. "Depois do expediente,
eu sou deputado", disse Padilha.
Na chegada do ministro a Boa
Vista, Marluce esperou o ministro
ao lado do governador, mas não
estendeu a mão para cumprimentar o seu adversário. Na prefeitura,
Otomar deu uma estocada no governador: "Ministro, a estrada
que o senhor visitou não é do atual
governo. Fui eu que fiz".
Às margens da BR-174, Padilha
avisou: "O presidente tem dito:
nos Estados onde a disputa é dentro da base, o governo tem isenção. Para nós, a vitória de qualquer um é indiferente". A ex-prefeita Tereza Jucá (PSDB) também
disputa o governo.
Os aliados de FHC tiveram uma
convivência mais cordial no Amazonas, onde FHC tem palanque
único: o de Amazonino Mendes
(PFL), que tenta a reeleição.
Amazonino e o deputado Arthur
Virgilio Neto (PSDB), tradicionais
adversários, almoçaram com o
ministro na casa do ex-governador Gilberto Mestrinho (PMDB),
candidato ao Senado.
Na vistoria da BR-319, Padilha
disse que os recursos para a obra
(R$ 20 milhões só neste ano) foram conseguidos pelos três aliados
do governo. Amazonino reconheceu o trabalho de Virgílio, mas
com meias palavras. "Todos ajudaram, até deputado de oposição a
mim, que o ministro fez referência. Isso é decente. Quem ganha é
o povo. Não somos parceiros, mas
temos uma relação civilizada."
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