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ELEIÇÕES 2004/RIO DE JANEIRO
Com poucas chances no Rio, entorno passa a ser decisivo em estratégia para eleição presidencial
PT e Garotinho disputam a Baixada de olho em 2006
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
O controle político da Baixada
Fluminense se tornou nesta eleição uma questão estratégica tanto
para o PT quanto para o governo
do casal Garotinho, em sua segunda gestão no Estado do Rio.
Com a perspectiva de uma derrota na capital, onde o candidato
que apóiam, Luiz Paulo Conde
(PMDB), aparece em terceiro lugar nas pesquisas, a governadora
Rosinha Matheus (PMDB) e o
marido Anthony Garotinho estão
investindo de maneira maciça na
Baixada, com obras e presença ostensiva nas campanhas a prefeito.
Já o PT, também mal na campanha carioca -o candidato Jorge
Bittar é o quinto nas pesquisas-,
decidiu tentar o maior número
possível de municípios na região
metropolitana do Estado, de modo a atrapalhar as pretensões de
Garotinho, candidato potencial
do PMDB a presidente em 2006.
Há justificativa para tanto interesse pela Baixada Fluminense.
Formada por 14 cidades, a região
tem cerca de 3,3 milhões de habitantes, de acordo com o Censo
2000 do IBGE (Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística).
As condições de vida dessa população são muito ruins. A Baixada, à exceção de alguns agrupamentos das classes média e alta, se
transformou em uma favela que
se espalha por grande parte da região metropolitana fluminense.
Faltam saneamento, hospitais, escolas, áreas de lazer, empregos,
oportunidades de ascensão social.
O quadro torna a Baixada um
terreno fértil para as ações políticas assistencialistas. Só em Duque
de Caxias, com 715 mil habitantes,
há 35 centros sociais criados por
candidatos e que oferecem à população, gratuitamente, de tratamentos médico e dentário a corte
de cabelo e cestas de alimentos.
A compra de votos é outra prática na Baixada. Os candidatos a
prefeito na Baixada podem recorrer a currais controlados por vereadores veteranos. Um voto pode valer até R$ 50, conforme a Folha apurou em conversa com militantes dos municípios de Nova
Iguaçu, Duque de Caxias, Belford
Roxo, Mesquita e Paracambi.
Garotinho lidera
Na disputa pela Baixada, até
agora, os Garotinho estão na frente. Segundo as últimas pesquisas,
seus candidatos lideram em Nova
Iguaçu, Duque de Caxias e Magé,
três dos maiores municípios da
Baixada. Também estão na frente
em Niterói e São Gonçalo, cidades
que não ficam na Baixada, mas integram a região metropolitana.
O PT só vai bem em Mesquita e
Paracambi, cidades de importância menor em relação aos controlados pela governadora e o marido. O partido prioriza a campanha do deputado federal Lindberg Farias para a Prefeitura de
Nova Iguaçu. Ele aparece em terceiro nas pesquisas, mas diz que
chegará ao segundo turno contra
Mário Marques (PMDB), empatado tecnicamente na liderança
com Fernando Gonçalves (PTB).
A equipe de produção do programa eleitoral de Lindberg veio
toda de São Paulo. Está radicada
há dois meses em um hotel no
município. Seus integrantes são
da agência MPM, comandada pela publicitário Nizan Guanaes.
Para apoiar Lindberg, o presidente do PT, José Genoino, esteve
há dez dias em Nova Iguaçu, onde
participou de panfletagens.
Também para reforçar a campanha, são esperados em Nova
Iguaçu os ministros Tarso Genro
(Educação) e Humberto Costa
(Saúde) e o presidente da Câmara
dos Deputados, João Paulo Cunha. Amanhã, a dupla Zezé Di Camargo e Luciano faz, no município, show pró-Lindberg.
Na análise da cúpula petista,
conquistando as prefeituras de
Niterói e das cidades mais importantes da Baixada, o partido confinará o poder de Garotinho, no
ano da eleição presidencial, ao
pouco expressivo politicamente
interior do Estado do Rio.
O PT aposta ainda que, em
2006, o prestígio da governadora
atingirá patamares baixos, o que
atrapalharia ainda mais os planos
de Garotinho de disputar com
chances o pleito presidencial.
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