São Paulo, segunda-feira, 30 de agosto de 2004

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COSTURA POLÍTICA

Audiência no Planalto foi a primeira desde a posse do petista

Lula recebe ACM para discutir apoio

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), em audiência reservada no Planalto, pela primeira vez desde a posse.
Lula tem dois objetivos. Primeiro, obter mais apoio no Senado para aprovar projetos de interesse do governo. Segundo, um alinhamento mais forte com a ala pefelista comandada por ACM, o que pode até resultar na distribuição de cargos para carlistas. Ainda não se fala em ministérios.
A reunião de Lula com ACM rompeu uma das últimas barreiras formais do PT com um antigo rival -uma vez que o baiano já ajudava o Planalto no Congresso. O governo Lula também já está próximo de congressistas historicamente classificados como de centro-direita ou de direita.
A aproximação com ACM será mais explícita no período pós-eleitoral. É necessário esse cuidado porque o carlismo é o maior rival do petismo na Bahia. Se houver distribuição de cargos, isso deve ocorrer após a reforma ministerial, programada para algum momento no período que vai de novembro até março de 2005.
Noticiado pela "Veja" desta semana, o encontro entre Lula e ACM na quinta-feira foi das 20h15 às 21h45. Também estavam no gabinete presidencial dois dos maiores fiadores do baiano dentro do governo: os ministros José Dirceu (Casa Civil) e Márcio Thomaz Bastos (Justiça). Dirceu freqüenta a casa de ACM com assiduidade. Thomaz Bastos foi advogado do pefelista no passado.
O encontro não foi secreto. Vários ministros viram ACM no Planalto. Na conversa, Lula e o senador se trataram por senhor. No dia seguinte, o presidente comentou ter ficado bem impressionado. "Achei o ACM em forma."
O senador vinha se queixando que ajudava o Planalto, mas que não recebia nada em troca. Seu comportamento estava ambíguo. Por exemplo, foi um dos articuladores da derrota da MP do salário mínimo no Senado. O governo começou a reverter o mal-estar com ACM ao sinalizar que não faria força pela eleição do deputado Nelson Pellegrino (PT-BA) a prefeito de Salvador. Com a reunião de quinta, iniciou-se uma possível aliança futura mais orgânica.
A preocupação de Lula é que a base no Senado seja mais estável. ACM será um dos articuladores governistas na Casa, comandando o que é chamado entre os petistas de "PFL do B" -já que a direção pefelista é anti-Lula.


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