São Paulo, segunda-feira, 30 de agosto de 2004

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OPERAÇÃO ALBATROZ

Eduardo Braga é citado em relatório sobre as investigações de licitações fraudulentas no Amazonas

Governador tinha interesse em fraude, diz PF

KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

O governador do Amazonas, Eduardo Braga (PPS), é citado em relatório da Polícia Federal como "grande interessado nos negócios" envolvendo fraudes em licitações no Estado de 2002 a 2004.
Braga é citado em diálogos telefônicos interceptados pela Polícia Federal, com autorização da Justiça, nas investigações da Operação Albatroz, que apura desvios de R$ 500 milhões em licitações públicas no Estado. O governador nega envolvimento no caso.
A Operação Albatroz foi desencadeada em março de 2002, ainda no governo de Amazonino Mendes (PFL), que hoje é candidato à Prefeitura de Manaus e tem o apoio do governador. Amazonino foi governador do Amazonas entre 1995 e 2002.
O objetivo inicial da operação era investigar o deputado estadual Antônio Cordeiro (sem partido), então suspeito de crimes de enriquecimento ilícito, evasão de divisas e sonegação fiscal.
Mas a apuração da PF chegou ao primeiro escalão do governo em junho de 2003, após a descoberta de que as licitações eram dirigidas por secretários e executivos para as empresas de Cordeiro.
O relatório da operação feito pela PF afirma que "não é plausível que o governador Eduardo Braga não tenha conhecimento da farra com dinheiro público que é patrocinada pela CGL [Comissão Geral de Licitação]".
O documento de 1.408 páginas, ao qual a Agência Folha teve acesso, registra ainda que "diversas citações atribuem a ele [Braga] o comando destes abusos".

Indiciamentos
Até a sexta-feira passada, a Operação Albatroz havia resultado no indiciamento (acusação formal) de 38 pessoas, sendo nove delas ligadas ao atual governador.
Entre elas o secretário da Fazenda, Isper Abrahim Lima, o da Infra-Estrutura, Fernando Elias Prestes Gonçalves, e o presidente da CGL, João Gomes Vilela.
Foram indicados ainda os ex-secretários de Infra-Estrutura e da Casa Civil Bosco Saraiva e Ari Moutinho, vereadores pelo PPS, e o ex-secretário de Fazenda Alfredo Paes dos Santos. Santos foi secretário de 1996 a 2003, nas gestões de Amazonino e Braga.
Conversas telefônicas apontam que o deputado Cordeiro buscava apoio para que suas empresas, Pointer Comércio Importação e Exportação Ltda. e Tetoplan Construções e Terraplanagem Ltda., ganhassem processos licitatórios. De 1997 a 2003, essas empresas receberam R$ 88.970.578 em recursos públicos após vencerem licitações. No relatório, a PF acusa o presidente da CGL de lotear licitações. Vilela foi preso no dia 10, quando os 20 mandados de prisão foram decretados.


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