São Paulo, terça-feira, 30 de agosto de 2005

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PFL pede contratação de auditoria externa para analisar dados de CPIs

FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PFL vai propor hoje ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a contratação de uma auditoria independente para analisar os sigilos bancários e as notas fiscais em poder das CPIs.
No momento em que as Comissões Parlamentares de Inquérito correm o risco de desandar por causa da competição entre seus integrantes, a proposta da oposição é uma tentativa de acelerar os trabalhos. Três CPIs em andamento (Correios, Mensalão e Bingos) já tinham aprovado requerimentos para ouvir 220 pessoas.
Em quase três meses de funcionamento, só a CPI dos Correios aprovou até agora 61 quebras de sigilo bancário, fiscal e telefônico, a do Mensalão, cerca de 80, e a dos Bingos, 34. As comissões ainda têm de analisar notas fiscais emitidas pelas empresas do publicitário Marcos Valério de Souza para verificar se os serviços foram efetivamente prestados. Essa pode ser uma das origens do dinheiro que irrigou o "caixa dois" do PT.
"Vamos pedir a contratação de uma empresa especializada para agilizar. Está demorando muito a análise desses documentos. É flagrante que essa é a perna manca do processo", disse o líder do PFL, senador José Agripino (RN).
O presidente do Senado já se colocou à disposição para contratar uma auditoria independente, mas isso dependerá de consulta aos governistas. Hoje as CPIs contam com técnicos do TCU (Tribunal de Contas da União) e do Banco Central. Os parlamentares reclamam porém da suposta falta de colaboração do Banco do Brasil, do Banco Rural e do BMG no envio de informações. Eles também têm dificuldades em destrinchar os documentos, que estariam em bases de dados diferentes.
A contratação de uma auditoria independente, porém, não agrada a todos. "Não tenho tranqüilidade para pegar uma fiscalização externa. Acho muito temerário", afirmou um dos sub-relatores da CPI dos Correios, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP). A proposta da oposição é que a empresa particular e os técnicos do TCU e do BC trabalhem em conjunto.
O presidente do Senado reúne hoje os presidentes e os relatores das CPIs para tentar ordenar os trabalhos. As CPIs aprovaram requerimentos iguais na semana passada, como a convocação do doleiro Toninho da Barcelona e do banqueiro Daniel Dantas.
Renan e algumas lideranças temem que o clima de confusão criado entre as CPIs prejudique as investigações. A principal disputa tem sido por depoimentos que despertem o interesse da opinião pública e sirvam de palanque para os integrantes das comissões.


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