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OS INTELECTUAIS
Lula apenas repete FHC, diz Oliveira
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
Em sua terceira palestra no seminário "O Silêncio dos Intelectuais", ontem no Rio, o sociólogo
Francisco de Oliveira afirmou que
Lula está repetindo FHC porque
"não tem programa nenhum".
"Fernando Henrique é um intelectual orgânico de direita. Ele tomou partido, assumiu a liderança
da direita e aplicou o neoliberalismo com conseqüência. Já Lula,
como não tem programa, reproduz o que está dando certo. Estamos vivendo cotidianamente segundo razões neoliberais, na
guerra de todos contra todos",
disse ele, que fala hoje, às 19h30,
no Sesc Paulista, em São Paulo.
Oliveira, que rompeu com o PT
em 2003, disse que o partido
"nunca teve nenhuma concepção
de nação": "Lula é um Carl
Schmitt [um dos ideólogos do nazismo] pelo avesso. Para ele, a política é uma conversa sem fim, que
deve ser resolvida como uma negociação sindical, em que há dois
lados e um deles tem que perder.
É uma concepção pobre de política", afirmou ele, para quem "o PT
é, infelizmente, um partido com
enorme rejeição aos intelectuais".
Oliveira disse que PT pode seguir o caminho do peronismo, na
Argentina, e se transformar em
uma "federação de gangues",
com "caciques" disputando uma
clientela sem compromisso com
as bases. Mas ele apontou outros
dois cenários. "Pode ser que a militância resolva se rebelar, o que é
difícil, porque há muitos filtros na
máquina burocrática do PT. E ele
pode sobreviver como uma espécie de PMDB que nasceu anatomicamente errado", disse.
Em sua fala, Oliveira ressaltou a
escassez de idéias nos partidos.
"Que partido é o PSDB depois que
Fernando Henrique deixou o governo? Nenhum. É mantido em
álcool canforado. Foi necessária
essa crise conjuntural para que
crescesse de novo", afirmou.
Para ele, o papel de seu ex-amigo Fernando Henrique é fundamental na história brasileira. "Ele
produziu uma nova revolução
burguesa no Brasil, deslocando o
poder de classe de uma forma terrível. As privatizações não foram
outra coisa que não o crescimento
do poder de classe da burguesia".
O esvaziamento do poder de fogo do Estado deixaria poucas munições para Lula: "Sem o Estado
desenvolvimentista, Lula tem de
ser assistencialista. A não ser que
afrontasse os poderes instituídos,
mas isso ele não vai fazer", disse
Oliveira, para quem o governo petista quer transformar o país em
um "grande fundão de pensão".
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