São Paulo, terça-feira, 30 de agosto de 2005

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TODA MÍDIA

Nelson de Sá

O duelo

Sobrou para Paulo Paim responder à pergunta do dia na Globo News:
- A questão não é vitória de José Dirceu ou derrota de Tarso. Para quem conhece o partido, no momento em que coloca "eu ou ele" você cria um corpo de solidariedade mais pró-Dirceu que pró-Tarso.
Em resumo, sim, foi vitória de Zeca Diabo.
Nas manchetes do "Jornal da Record", "Tarso perde a disputa com Dirceu". Nas manchetes do "Jornal Nacional", "Tarso perde o duelo com Dirceu".
 
O ainda presidente do PT saiu atirando, na coletiva:
- Eu nunca integrei a antiga maioria, eu nunca participei de reunião ou apoiei a hegemonia anterior. Eu não me sentiria confortável como candidato da direção anterior.
Entre elogios às "minorias" do partido e críticas à "maioria quantitativa", Tarso se recusou a apoiar Ricardo Berzoini, que ocupou a vaga.
E o próprio Berzoini, o rosto fechado, disse apenas:
- Havia uma divergência [com Tarso]. A condição de continuar ou não em função de Dirceu não me parece uma questão tão central.
De bate-pronto, Valter Pomar, da esquerda, surgiu no "SBT Brasil" lembrando que Berzoini fez as reformas previdenciária e sindical, tão atacadas. E Paim, beirando a ironia:
- Eu tenho que admitir que é um homem que tem assumido pegar o touro à unha. Meus cumprimentos.
Enquanto a esquerda petista, de Raul Pont na Folha Online a Dr. Rosinha no Globo Online, saudava as chances crescentes contra a "antiga maioria", o PT sofria as "primeiras baixas", no destaque do SBT.
Sai enfim Cristóvam Buarque, para PPS ou PDT, segundo os blogs, e para uma campanha de preparação para 2010. E sai um deputado da esquerda carioca, que ganhou seus 15 segundos no "Jornal da Band".
Mas nem todos viram a troca com maus olhos, pelo contrário. Entre vários outros, o moderado Paulo Delgado saiu declarando que "Tarso preferiu a opinião pública à militância".
 
O "Valor" fez entrevistas com os mais cotados da esquerda na eleição petista, Plínio de Arruda Sampaio e Pomar.
Para além das mudanças na economia, os dois concordaram que o PT "corre o risco de virar um PMDB", limitado hoje em dia a "figuras isoladas" na defesa da "transformação".
E com Orestes Quércia em vez de José Dirceu.
Registre-se que o senador Eduardo Suplicy, que ao lado de Frei Betto e Oded Grajew apóia Arruda Sampaio, fez um apelo a Dirceu: que ele desista.
Segundo o "JN", Zeca Diabo nem respondeu.

E NO PSDB...

FHC surgiu na Band, Folha Online e por todo lado para exortar o PT a "salvar a própria história". E para registrar que, no caso do mineiro Eduardo Azeredo, "o PSDB não estava envolvido como partido".
Geraldo Alckmin foi em outra linha, sobre os tucanos mineiros. Declarou a CBN e Jovem Pan que Aécio Neves não deverá deixar a legenda.
É que o "Valor" noticiou que andaram visitando Aécio "dezenas de lideranças políticas de diferentes partidos", do PMDB ao PSB, de Ciro Gomes a Renan Calheiros e Michel Temer. Dele, sobre a candidatura:
- Não coloco como projeto pessoal.

Três meses

O "JN", que reclama das CPIs desde a semana passada, deu manchete do furacão nos EUA, submanchete de um ciclone no Brasil e só então foi lembrar de Roberto Jefferson.
E o "SBT Brasil" já abriu sua escalada no ataque, "Três meses, muitas denúncias -e sabe quantos processos de cassação foram abertos? Quatro".

Procuradores

Curiosamente, a polícia de SP questionou o Ministério Público de SP em pleno "JN", sobre os supostos indícios de que Santo André não é crime comum.
Mas os promotores paulistas ganharam um apoio inusitado, ao menos sobre Ribeirão Preto, do procurador federal Luiz Francisco. Ele mesmo, falando ao site Nomínimo.

POR JEAN CHARLES

Sem prioridade no Brasil, que só agora arrisca acordar do escândalo, a execução do brasileiro já ameaça deixar a cena também na mídia britânica.
Mas ele se tornou símbolo de campanha política por lá, o que deve manter parte da pressão. A campanha tem até blog, como mostrou o brasileiro Blue Bus. O Justice4Jean ou justiça para Jean (logotipo acima) foi lançado semana passada com as bandeiras de buscar a verdade, punir os responsáveis e "lutar contra a onda de racismo e ataques às liberdades civis".


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