São Paulo, quarta-feira, 30 de agosto de 2006

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Ex-governador diz que, agora, Lula sabe dirigir carro de pipoca

DA REPORTAGEM LOCAL

Entre os elogios ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o candidato ao governo de São Paulo Orestes Quércia contemporizou o famoso duelo verbal do "carrinho de pipoca" e disse que o petista agora é outro.
"Agora ele está há quatro anos no governo e já aprendeu muita coisa", disse ele, provocando risos na platéia.
O "carrinho de pipoca" virou o símbolo de um bate-boca público entre Quércia e Luiz Inácio Lula da Silva, em 1994, quando ambos disputavam o Planalto. O termo foi utilizado pelo peemedebista para ilustrar a falta de experiência do concorrente: "O Lula nunca dirigiu carrinho de pipoca", disse.
Em resposta, Lula disparou. "É verdade que eu nunca dirigi um carrinho de pipoca, mas também nunca roubei a pipoca", disse, em referência às denúncias de corrupção envolvendo o ex-governador.
Os dois perderam a disputa para o tucano Fernando Henrique Cardoso, sobre quem Quércia também questionava a falta de experiência à época.
Diante da chance de devolver o insulto, abastecido pelos escândalos do mensalão e sanguessuga, Quércia levantou a bandeira de paz. "Não me comprometa [risos]. Acho que o Lula é uma figura extraordinária na política. Tenho restrição ao governo, sou contra a política econômica. Mas uma liderança que dá a volta por cima como ele deu... O partido está desmoralizado e ele cresce."
E continuou nos elogios, aproveitando para bater no principal adversário do petista, o tucano Geraldo Alckmin. "A grande vantagem do Lula sobre o Alckmin é que ele tem sentimento e sabe falar. Gosto do Alckmin, sou amigo dele, mas ele é muito frio, não tem sabido fazer o que o Lula faz".
Em 2002, o petista se elegeu presidente com o apoio de Quércia em São Paulo, mas o peemedebista não foi convidado para a posse. O ex-governador, segundo assessores, ficou "magoado" na época.
O "carrinho de pipoca" também foi usado pelo peemedebista para falar do adversário petista Aloizio Mercadante, mas num tom diferente daquele de 1994. Dessa vez, Quércia usou o tom de brincadeira. "Ele é bem intencionado, mas também não tem experiência, também não administrou nenhum carrinho de pipoca até hoje", disse, irônico, ao ser provocado pelos jornalistas da Folha.
Para não deixar dúvidas de sua relação com o adversário, Quércia emendou. "Eu acho ele melhor que o Serra para administrar o Estado, pela experiência do governo hoje do PT. Mas o melhor, mesmo é o Quércia."
A cordialidade do peemedebista com Mercadante também se repete na campanha. O petista adota comportamento semelhante. A única crítica que Quércia ao senador é indireta, mira o PT e aborda apenas a política econômica do governo.
Quércia chegou a incorporar no seu discurso de ontem exemplos utilizados pelo petista na campanha como as taxas de aumento do pedágio e a implantação de um trem de alta velocidade ligando São Paulo a Campinas (95 km da capital).
(RP e MP)


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