São Paulo, quinta-feira, 30 de agosto de 2007

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Lacerda vai para Abin; secretário de Segurança o substituirá na PF

Presidente confirma as mudanças após reunião no Planalto; Paulo Lacerda e Tarso Genro, ministro da Justiça, acumulavam desentendimentos desde maio

ANDRÉA MICHAEL
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em reunião no final da tarde de ontem no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva oficializou uma troca de comando na Polícia Federal e na Agência Brasileira de Informação. Na próxima segunda-feira, o atual diretor-geral da PF, Paulo Lacerda, assumirá a direção da Abin. Lacerda será substituído na PF pelo delegado Luiz Fernando Corrêa, atual secretário nacional de Segurança Pública.
Lacerda, que substituirá Márcio Buzzaneli na Abin, foi informado ontem sobre a reunião no Palácio. Estava em viagem oficial a Porto Alegre, onde se encontrou com dirigentes Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul. Retornaria a Brasília no final da tarde, mas antecipou a volta.
Nas duas últimas semanas, conforme a Folha antecipou, Lacerda informou a assessores e diretores da PF que lhe são próximos que poderia deixar o cargo a qualquer momento. Informou também que Lula, por meio do ministro Tarso Genro (Justiça), disse que o esperava para uma conversa. Faltava compatibilizar agenda, o que aconteceu na tarde de ontem.
Como Lacerda, Corrêa é delegado da PF. Tem ao menos 11 anos de experiência, o que pode gerar resistências internas dos colegas que tem mais tempo de carreira. Traz consigo o desempenho considerado vitorioso da Força Nacional de Segurança Pública nos Jogos Pan-americanos.
Os desencontros de Lacerda com o ministro Tarso Genro (Justiça) começaram em maio, dois meses após a posse do ministro. Por ocasião da Operação Navalha, de combate a um esquema de fraude em licitações, chegaram a Lula queixas sobre o vazamento de informações da investigação.
Publicamente, Tarso endossou as críticas e disse que buscaria, a pedido do presidente, eventuais providências. Nova crítica de Lula a vazamento surgiu quando do envolvimento de seu irmão Genival da Silva na Operação Xeque-Mate.
Em um outro momento, Tarso, novamente em entrevista a imprensa, defendeu o ex-ministro Silas Rondeau (Minas e Energia). Disse que, pelo que chegou ao seu conhecimento, não haveria elementos que comprovassem irregularidades praticadas pelo ex-ministro, que deixou o cargo por conta da repercussão da Operação Navalha. Segundo a PF, Rondeau teria recebido R$ 100 mil reais em pagamento de propinas em suposto favorecimento relacionada a obras públicas conduzidas pela empreiteira Gautama, pivô da Operação Navalha.
O mais recente bate-cabeça se deu por conta da deportação de dois atletas cubanos que abandonaram a delegação nos Jogos Pan-Americanos. Tarso disse que a PF conduziu todo o trâmite do procedimento que levou ao retorno dos atletas ao seu país em menos de 48 horas. Ficou para a PF o ônus de ter acelerado a "devolução dos cubanos", pois o secretário nacional de Justiça, Antonio Carlos Biscaia, afirmou em entrevista a imprensa que era caso de repatriação e não de deportação.


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