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Lacerda vai para Abin; secretário de Segurança o substituirá na PF
Presidente confirma as mudanças após reunião no Planalto; Paulo Lacerda e Tarso Genro, ministro da Justiça, acumulavam desentendimentos desde maio
ANDRÉA MICHAEL
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em reunião no final da tarde
de ontem no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva oficializou uma troca
de comando na Polícia Federal
e na Agência Brasileira de Informação. Na próxima segunda-feira, o atual diretor-geral
da PF, Paulo Lacerda, assumirá
a direção da Abin. Lacerda será
substituído na PF pelo delegado Luiz Fernando Corrêa, atual
secretário nacional de Segurança Pública.
Lacerda, que substituirá
Márcio Buzzaneli na Abin, foi
informado ontem sobre a reunião no Palácio. Estava em viagem oficial a Porto Alegre, onde
se encontrou com dirigentes
Federação das Indústrias do
Rio Grande do Sul. Retornaria a
Brasília no final da tarde, mas
antecipou a volta.
Nas duas últimas semanas,
conforme a Folha antecipou,
Lacerda informou a assessores
e diretores da PF que lhe são
próximos que poderia deixar o
cargo a qualquer momento. Informou também que Lula, por
meio do ministro Tarso Genro
(Justiça), disse que o esperava
para uma conversa. Faltava
compatibilizar agenda, o que
aconteceu na tarde de ontem.
Como Lacerda, Corrêa é delegado da PF. Tem ao menos 11
anos de experiência, o que pode gerar resistências internas
dos colegas que tem mais tempo de carreira. Traz consigo o
desempenho considerado vitorioso da Força Nacional de Segurança Pública nos Jogos
Pan-americanos.
Os desencontros de Lacerda
com o ministro Tarso Genro
(Justiça) começaram em maio,
dois meses após a posse do ministro. Por ocasião da Operação Navalha, de combate a um
esquema de fraude em licitações, chegaram a Lula queixas
sobre o vazamento de informações da investigação.
Publicamente, Tarso endossou as críticas e disse que buscaria, a pedido do presidente,
eventuais providências. Nova
crítica de Lula a vazamento
surgiu quando do envolvimento de seu irmão Genival da Silva na Operação Xeque-Mate.
Em um outro momento, Tarso, novamente em entrevista a
imprensa, defendeu o ex-ministro Silas Rondeau (Minas e
Energia). Disse que, pelo que
chegou ao seu conhecimento,
não haveria elementos que
comprovassem irregularidades
praticadas pelo ex-ministro,
que deixou o cargo por conta da
repercussão da Operação Navalha. Segundo a PF, Rondeau
teria recebido R$ 100 mil reais
em pagamento de propinas em
suposto favorecimento relacionada a obras públicas conduzidas pela empreiteira Gautama,
pivô da Operação Navalha.
O mais recente bate-cabeça
se deu por conta da deportação
de dois atletas cubanos que
abandonaram a delegação nos
Jogos Pan-Americanos. Tarso
disse que a PF conduziu todo o
trâmite do procedimento que
levou ao retorno dos atletas ao
seu país em menos de 48 horas.
Ficou para a PF o ônus de ter
acelerado a "devolução dos cubanos", pois o secretário nacional de Justiça, Antonio Carlos
Biscaia, afirmou em entrevista
a imprensa que era caso de repatriação e não de deportação.
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