São Paulo, sábado, 30 de agosto de 2008

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Desmate na Amazônia subiu 64% em um ano, avalia Inpe

Números indicam que o abate de árvores voltou a crescer; taxa oficial sai em outubro

Entre agosto de 2007 e julho de 2008, satélites captaram 8.138 km2 de desmate contra 4.974 km2, segundo sistema Deter, que é menos preciso


MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Terminado o período de apuração da taxa anual de desmatamento da Amazônia, o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) registrou aumento de 64% no abate de árvores, segundo o Deter, sistema que detecta o avanço das motosserras sobre a floresta em tempo real. Os números divulgados ontem reforçam o prognóstico de que o desmatamento voltou a crescer depois de três anos seguidos de queda.
Entre agosto de 2007 e julho de 2008, os satélites do Inpe captaram 8.138 quilômetros quadrados de desmatamento contra 4.974 quilômetros quadrados registrados no mesmo período do ano anterior, segundo o sistema Deter, menos preciso do que o sistema Prodes, que produz a taxa oficial de desmatamento. A área de abate medida pelo Deter supera cinco vezes a cidade de São Paulo.
Os números oficiais do desmatamento deverão ser divulgados em outubro, segundo o diretor-geral do Inpe, Gilberto Câmara. A expectativa é que a taxa anual supere os 11,2 mil quilômetros quadrados medidos no ano passado. "Acho que vai haver aumento, mas não será tão grande como imaginávamos no início do ano", observou Câmara, atribuindo o resultado dos últimos meses às medidas de repressão adotadas pelo governo, como o corte de crédito para produtores rurais que desmataram ilegalmente.
Quando as medidas foram divulgadas, a meta do governo era evitar o aumento da taxa anual.
A taxa oficial dependerá muito do volume de pequenos desmatamentos, inferiores a um quilômetro quadrado. Essas áreas dificilmente são captadas pelo Deter, que detecta áreas maiores de corte raso e degradação da floresta. Mais rápido e menos preciso, esse sistema funciona mais como alerta para mobilizar a fiscalização do que para medir o desmatamento. No ano passado, o Deter deixou de captar metade da área desmatada, mas é possível que essa proporção não se repita.
Segundo o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente), a taxa anual deverá ficar próxima de 12 mil quilômetros quadrados. Embora o ritmo de abate de árvores tenha caído, em julho, 68% em relação ao mesmo mês do ano passado, o ministro não viu motivos para comemorar.
"O ritmo da fiscalização e da repressão é mais rápido que o ritmo de criar empregos sustentáveis", alegou.
Os números do Deter de julho foram os menores na série histórica desde março, quando a Amazônia estava mais coberta por nuvens e mais fechada à observação dos satélites do Inpe. No mês passado, o instituto captou 323,9 quilômetros quadrados de corte raso e áreas de degradação da floresta.
De acordo com os registros acumulados no ano, o Mato Grosso foi o Estado que mais devastou. A área de floresta atacada supera duas vezes e meia o segundo colocado: o Pará. Em terceiro lugar no ranking, aparece Rondônia. No ano passado, o Pará havia assumido a liderança desse ranking.


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