São Paulo, terça, 30 de setembro de 1997.



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Ex-presidente confirma conversas

PAULO PEIXOTO
da Agência Folha, em Juiz de Fora

O ex-presidente Itamar Franco (PMDB) se mostrou ontem em Juiz de Fora (MG) amplamente favorável às discussões sobre uma candidatura de centro-esquerda para presidente da República em 1998, mas disse que elas devem avançar mais.
Ele citou seu período na Presidência da República (setembro de 92 a dezembro de 94) para dizer que está afinado com esse pensamento. "Eu tenho um respeito muito grande pelo governador Miguel Arraes (PSB-PE). Nós conversamos realmente, mas não chegamos a nenhum detalhe de deixar (de apoiar) ou apoiar alguém. O Arraes tem uma visão, que é a minha, que as coisas terão de avançar um pouco mais", afirmou.
"Agora, quando se fala em governo de centro-esquerda, sempre lembro que o meu governo foi de centro-esquerda", disse ele.
Já filiado ao PMDB, ele terá de buscar espaços dentro do partido para viabilizar sua candidatura, caso contrário teria como segunda opção o governo de Minas Gerais.
Ao ser questionado sobre uma eventual retirada a seu favor do nome do senador José Sarney (PMDB-AP), que se coloca como pré-candidato, afirmou: "Até gostaria que o presidente José Sarney não abrisse mão para a minha candidatura. Se ele for à convenção do PMDB, eu não precisaria ir à convenção".
Ele justificou a manutenção do nome de Sarney ao afirmar que o senador "tem boa posição perante o eleitorado" e tem ainda mais "liberdade e ação política".
Itamar se referia ao fato de estar ocupando ainda a Embaixada do Brasil na OEA (Organização dos Estados Americanos), em Washington, cargo que deverá entregar até o início de janeiro.
"Talvez seja delicadeza do presidente Sarney para comigo, mas ele não deve tirar a candidatura. Deve levar cada vez mais às ruas."
Já ao falar sobre a paternidade do Plano Real, Itamar se apresenta como um pré-candidato: "Vamos ter oportunidade, se for o caso, de discutir o Real. Se bem que eu acho que o Real não vai ser o grande mote da campanha de 98. Há um engano profundo nisso. Agora, quem assinou a medida provisória, fui eu", declarou o ex-presidente.



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