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FORTALEZA
Candidato à reeleição, peemedebista "afaga" tucano em busca de aliança para o 2º turno
Juraci diz que apoiaria Tasso à Presidência
ELIANE CANTANHÊDE
ENVIADA ESPECIAL A FORTALEZA
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA EM FORTALEZA
O prefeito de Fortaleza, Juraci
Magalhães (PMDB), forte candidato à reeleição, disse ontem que
apoiará o governador Tasso Jereissati (PSDB) para a Presidência
da República se a aliança dos dois
partidos for mantida para 2002.
Tasso e Juraci são adversários há
mais de uma década.
"Se a aliança for PMDB, PSDB e
PFL, e o Tasso for o candidato, eu
apóio. Em política, tudo é possível, tudo é diálogo e negociação",
disse o prefeito, que tem um longo histórico de disputas e acusações com Tasso e o PSDB.
Ele, inclusive, já sugere o nome
de um candidato a vice-presidente: o governador de Pernambuco,
Jarbas Vasconcellos (PMDB).
"O povo adora o Tasso, que está
inclusive muito melhor do que eu
(na opinião pública). O problema
dele é que ele não sabe transferir
voto", disse o prefeito ontem, em
mangas de camisa, na prefeitura.
Líder nas pesquisas para as eleições de amanhã (33% no último
Datafolha) e presença tida como
certa no segundo turno, Juraci sinalizou assim que quer uma
aliança tácita com o governador e
os tucanos para se reeleger.
A dois dias do pleito, o velho e
experiente político já "elegia" ontem o seu adversário no segundo
turno: o candidato das esquerdas,
Inácio Arruda (PC do B).
Aliado ao PT, PDT, PSB e PCB,
o deputado federal Inácio Arruda
está embolado em segundo lugar
com Moroni Torgan (PFL) e Patrícia Gomes (PPS), candidata de
Tasso e do também presidenciável Ciro Gomes.
A possibilidade de uma aliança
entre Juraci e Tasso num eventual
segundo turno contra Arruda não
surpreende o próprio candidato
do PC do B: "Esse é o caminho natural, porque desde o primeiro
turno já enfrento o poder econômico do governo estadual e a máquina do governo municipal".
Arruda, entretanto, diz que uma
aliança de cúpulas não se refletirá
necessariamente em votos: "Eles,
os caciques, podem até fazer acordo, mas e os eleitores do PSDB e
do PPS? Será que vão com eles?"
Sem saber da entrevista de Juraci, Tasso o acusou de ser um legítimo representante da política "coronelista" cearense: "O Juraci representa tudo o que combati a minha vida inteira".
De fato, o prefeito, de 69 anos,
representa a velha política nordestina, no jeito de falar, de gesticular, de contar casos e de fazer
campanha -no corpo-a-corpo,
de bairro em bairro. É, por isso, o
preferido do eleitorado de baixa
renda e menos escolarizado.
Ele não se incomoda nem um
pouco com a dimensão e a visibilidade na política nacional que
tanto Tasso quanto Ciro conseguiram ao longo da carreira: "Eu
sou o pato, quietinho. A galinha é
que canta quando põe ovo".
A velha rivalidade, porém, não
resiste ao pragmatismo de lado a
lado, e a tendência é Tasso e Juraci
se unirem contra a esquerda, se
Arruda for para o segundo turno.
A relação de cada um com o
presidente Fernando Henrique
Cardoso também é bem diferente,
apesar de ambos serem de partidos aliados ao Planalto.
Juraci ressalva que o seu PMDB
é aquele do também velho político Paes de Andrade, que é refratário ao Planalto e contra a cúpula e
os ministros do partido.
O prefeito, porém, teve pesada
ajuda financeira de Brasília para
encher a cidade de obras bem no
meio da campanha. Talvez por isso tenha um discurso dúbio em
relação a FHC.
"Eu não estou de mal com o
presidente, mas não sou aliado
dele. Também não tomo café da
manhã, não almoço, não janto
com ele. Não tenho intimidade.
Eu não sou do partido dele, eu sou
do PMDB, o PMDB do Paes, o
MDB histórico."
Na sua opinião, porém, "FHC
vai se recuperar na entrada do novo século, porque vai se beneficiar
da recuperação da economia".
Leia-se: goste-se ou não, não está
na hora de brigar com FHC.
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