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Ex-radialista segue passos do marido
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
A distância de cinco metros que
separa o trio elétrico no qual Rosinha Garotinho Matheus discursou na quarta-feira passada, em
Anchieta (zona norte do Rio), do
seu carro, percorrida em longos
15 minutos por causa da multidão
em volta dela, atesta o que as pesquisas de opinião mostram com
números: a candidata do PSB ao
governo do Estado conquistou
um eleitorado, quase imune às
críticas dos adversários, que pode
elegê-la no primeiro turno.
Rosinha, 39, mulher do ex-governador e candidato à Presidência Anthony Garotinho (PSB), é
tratada como um artista de novela, principalmente pelos eleitores
de renda mais baixa. As pessoas
gritam seu nome, se empurram
para pegar um autógrafo, para
abraçá-la ou tirar uma foto.
Apesar da queda na mais recente pesquisa do Datafolha, Rosinha
continua com chances de vencer
no primeiro turno e com baixo índice de rejeição (23%) para quem
que tem sofrido constantes ataques desde o início da campanha.
"Ela é um fenômeno de carisma.
Em 45 anos de profissão, nunca vi
coisa igual", afirma o publicitário
Cid Pacheco, 80, consultor da
campanha de Rosinha.
Segundo seus críticos, a ex-radialista -que teve o primeiro
cargo público no governo do marido- estabeleceu, na passagem
pela Secretaria de Estado de Ação
Social e Cidadania, uma rede paternalista de distribuição de benefícios, sem critérios técnicos e
com o objetivo político de impulsionar sua imagem.
Um exemplo: o Cheque Cidadão, programa social mais lembrado por Rosinha, beneficiou,
até o fim de sua gestão na secretaria, 52 mil famílias em 39 municípios. Os dez municípios do Estado com os piores IDHs (Índice de
Desenvolvimento Humano), no
entanto, ficaram de fora.
Os restaurantes populares que
vendem refeições a R$ 1, outra
marca da administração de Garotinho e Rosinha, também não estão nessas cidades. Um dos sete
em funcionamento fica em Niterói, cidade com maior IDH do Estado e reduto eleitoral do candidato ao governo do Rio pela Frente Trabalhista (PDT-PPS-PTB),
Jorge Roberto Silveira.
Segundo dados da atual administração da Secretaria de Ação
Social, dinheiro não faltou na gestão da ex-primeira-dama. Em
1999, antes do rompimento do PT
com Garotinho, quando o petista
Antônio Pitanga era secretário, o
orçamento foi de R$ 76,5 milhões.
Em 2000, já com Rosinha, aumentou 63%, chegando a R$ 124,5 milhões. Em 2001, cresceu mais ainda: R$ 152,7 milhões.
A principal crítica do PT, entretanto, é que Rosinha teria deixado
armadilhas para a equipe de Benedita da Silva, que assumiu o governo em abril e é candidata à reeleição, e espalhado o boato de que
o PT acabaria com os programas.
"A atuação dela na ação social
não foi apenas assistencialista. Teve também uma dose de crueldade política. No caso do programa
de distribuição do leite, por exemplo, os contratos estavam vencidos quando assumimos e só podíamos comprar com licitação, o
que levaria 90 dias. Por isso, houve problemas no início", afirma
Jailson Souza e Silva, atual subsecretário de Ação Social.
A rejeição a Rosinha é maior entre os eleitores de maior escolaridade e na zona sul do Rio, onde
surgiu o movimento "Rosinha,
Não!". "A candidatura da Rosinha é uma jogada oportunista do
Garotinho. Para nós, ela representa uma ameaça como foi o [político ultraconservador Jean-Marie"
Le Pen para a França", diz o estudante de direito Luiz Pareto, 26.
Rosinha responde às críticas
afirmando que recursos da pasta
que dirigia chegaram aos mais
pobres: "Dados do Ipea [Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada]
mostram que nos grandes municípios há bolsões de pobreza. As
pessoas acham que Niterói, por
exemplo, é só o centro e Icaraí
[bairros mais nobres], mas quem
anda nos morros sabe que há
muitas comunidades carentes".
Ela afirma também que os programas seriam expandidos: "Estávamos num processo de expansão do Cheque Cidadão para todos os municípios. A distribuição
era feita com critério, com a exigência de que a criança estivesse
na escola e vacinada".
Usando linguagem simples e
popular, um de seus trunfos políticos, ela dá sua explicação sobre
os motivos dos ataques: "Meus
adversários têm dor-de-cotovelo
porque não conseguem tirar nada
do papel e colocar em prática."
A imagem de mãe de uma família unida (nove filhos, cinco adotados) serve, para publicitários,
como escudo. "É difícil convencer
o eleitor de qualquer idéia malsã
de uma mãe de nove filhos", diz
Pacheco. "Para o eleitor, uma pessoa com nove filhos, que adota,
não pode ser insensível", diz Maria Tereza Monteiro, diretora da
Retrato Consultoria e Marketing.
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