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Trabalho infantil acelera ritmo de redução
Apesar de queda, contingente de 5,1 milhões de crianças e jovens em atividade ainda é considerado alto; setor agrícola lidera em casos
DA SUCURSAL DO RIO
De 2002 para 2003, primeiro
ano do governo Lula, 367 mil
crianças e adolescentes de 5 a 17
anos deixaram de trabalhar. A
maior parte (249 mil crianças, ou
68% do total) desse grupo tinha
menos de 14 anos, idade em que
qualquer tipo de trabalho é proibido. Apesar da redução, o número de trabalhadores infantis ainda
era contado em milhões: 5,1 milhões, sendo 1,9 milhão com menos de 14 anos. Na população de 5
a 17 anos, 11,7% estavam ocupados no ano passado.
A Pnad mostra que é a atividade
agrícola que concentra o trabalho
das crianças menores. De 5 a 9
anos, 74,6% trabalhavam nessa
área. A porcentagem era de 57,9%
para o grupo de 10 a 14 anos e de
33,4% para o grupo de 15 a 17.
Para o presidente do IBGE,
Eduardo Nunes, a redução do trabalho infantil é explicada em parte pelo compromisso internacional assumido pelo Estado brasileiro que faz com que, desde a década passada, o trabalho infantil
esteja em queda. Ele afirma, no
entanto, que outra parte dessa
queda pode ser creditada ao esforço do atual governo.
"Na agricultura, todos nós conhecemos o esforço do Ministério
do Trabalho na fiscalização do
trabalho infantil e escravo. Nesse
setor, teve peso o esforço do governo", afirmou Nunes.
O coordenador de Estudos de
Mercado de Trabalho do Ipea,
Lauro Ramos, também considera
positiva a atual queda: "O trabalho infantil havia caído muito de
1999 para 2001 [a queda foi de
17,4% na faixa de 5 a 17 anos], mas
de 2001 para 2002 havia ficado
praticamente estável [queda de
0,8%]. O fato de ter voltado a cair
[redução de 6,8%] e estar se tornando cada vez menor é um dado
extremamente positivo".
Apesar da redução, entidades
que combatem o trabalho infantil
afirmam que o número ainda é alto. Para a secretária-executiva do
Fórum Nacional de Prevenção e
Erradicação do Trabalho Infantil
(que reúne governo federal,
ONGs e entidades sindicais), Isa
de Oliveira, os dados da Pnad não
permitem detectar, com precisão,
se essa redução maior verificada
em 2003 foi efeito de tendência da
década ou resultado de uma ação
mais eficaz do atual governo.
"No ano passado, o governo federal manteve a meta de crianças
atendidas pelo Peti [Programa de
Erradicação do Trabalho Infantil]
de 2002. Se essa meta tivesse sido
ampliada, como o governo fez
neste ano e como esperamos que
aconteça no ano que vem, a queda
verificada em 2003 poderia ser
creditada a uma ação mais efetiva
do governo. De qualquer jeito, esse ritmo de redução ainda é muito
ruim", afirma Oliveira.
Para a coordenadora do programa Empresa Amiga da Criança,
da Fundação Abrinq, Mariza Tardelli, as iniciativas de combate ao
trabalho infantil precisam ser
aprimoradas: "A família tem que
ser capacitada para fazer sua própria geração de renda".
A queda na redução de trabalho
infantil vem acontecendo no mesmo período em que vem diminuindo o número de crianças fora
da escola. Seguindo tendência verificada na década passada, a taxa
de crianças de 7 a 14 anos fora da
escola chegou a apenas 2,8% em
2003. Em 2002, essa taxa era de
3,1%. Em 1992, estava em 13,4%.
Nas outras faixas etárias também houve melhoria da escolarização, apesar de a cobertura ser
menor se comparada com a de 7 a
14 anos. De 15 a 17 anos, por
exemplo, a porcentagem de jovens fora da escola chegou a
17,6% em 2003. Ela era de 18,5%
em 2002 e de 40,3% em 1992.
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