São Paulo, quinta-feira, 30 de setembro de 2004

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Número de analfabetos estaciona

DA SUCURSAL DO RIO

Para um governo que tem como meta erradicar o analfabetismo até 2006, o primeiro ano do governo Lula pode ser praticamente descartado do ponto de vista dos resultados apresentados.
De 2002 (último ano do governo FHC) para 2003, o número absoluto de analfabetos na população com mais de 15 anos caiu em apenas 11.104: eram 14.655.605 em 2002 e passaram a ser 14.644.501 em 2003.
Em parte, esse resultado pode ser explicado porque o programa Brasil Alfabetizado foi lançado oficialmente em setembro do ano passado, apenas um mês antes da data de coleta dos dados sobre a educação da Pnad (outubro).
O número, no entanto, foi muito inferior à redução verificada em outros anos. De 2001 para 2002, a queda no número de analfabetos foi de 302 mil e, de 1999 para 2001 (não houve Pnad em 2000), a queda foi de 453 mil.
Para o secretário de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do MEC, Ricardo Henriques, os dados da Pnad de 2003 ainda não podem ser considerados na avaliação da ação do governo no combate ao analfabetismo: "É absolutamente impossível captar qualquer efeito do Brasil Alfabetizado na Pnad de 2003 porque o programa foi lançado em setembro do ano passado e os primeiros recursos começaram a ser transferidos no mês seguinte".
Para Henriques, a queda na taxa de analfabetismo vem seguindo uma tendência constante desde 1980. "Se continuarmos nesse ritmo, o Brasil só chegará a padrões argentinos [3% de analfabetismo] em 20 anos. O que temos como meta é acelerar esse ritmo, mas os efeitos da nossa ação só deverão aparecer na Pnad de 2004 e só serão mais significativos em 2005."

Análise por década
O presidente do IBGE, Eduardo Nunes, pondera também que, para alguns indicadores, a Pnad é melhor analisada se for levada em conta uma década, e não a variação de um ano para o outro. "Alguns indicadores da Pnad não mostram muita coisa quando se avalia de um ano para o outro. Em alguns casos, o melhor é analisar a década. O analfabetismo pode ser erradicado em cinco ou dez anos, mas isso dificilmente vai aparecer de um ano para o outro."
Nas promessas de campanha em 2002, o PT propôs em seu programa para a área de educação "erradicar o analfabetismo absoluto de jovens e adultos num prazo de quatro anos". O texto do documento falava ainda num contingente de "aproximadamente 20 milhões de analfabetos acima de 15 anos", citando como fonte dados do IBGE de 1999. Na verdade, a Pnad de 1999 indicava que o número de analfabetos era de 15,4 milhões naquele ano.


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