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Se renegociar dívida das administrações estaduais e municipais, governo federal precisará aumentar impostos ou cortar gastos
Ajuda aos Estados custaria R$ 6 bilhões
JULIANNA SOFIA
ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O futuro governo será obrigado
a fazer um esforço fiscal adicional
de cerca de R$ 6 bilhões no próximo ano, se levar adiante o projeto
de renegociar a dívida com Estados e municípios já em 2003.
Para conseguir esse dinheiro, o
presidente eleito, Luiz Inácio Lula
da Silva (PT), precisará aumentar
impostos ou cortar gastos. "Qualquer mudança no programa com
os Estados e os municípios obrigará o governo federal a reduzir
despesas ou aumentar impostos
para cumprir a meta de superávit
primário", disse o secretário do
Tesouro, Eduardo Guardia.
O atual acordo com o FMI
(Fundo Monetário Internacional)
obriga o governo a fazer um superávit de no mínimo 3,75% do PIB
em 2003. Isso equivale a economizar R$ 53 bilhões para o pagamento de juros da dívida.
Esse superávit exige uma contribuição de 0,95% do PIB dos Estados e dos municípios. O cálculo
é feito com base num repasse médio de 13% da receita das prefeituras e governos estaduais para quitar a dívida com a União. Se Estados e municípios diminuem sua
parcela no ajuste, o governo federal deve compensar a diferença.
Segundo proposta do vice-presidente eleito, José de Alencar
(PL-MG), o repasse médio cairia
de 13% para 5% das receitas estaduais e municipais. A mudança
consta de um projeto em tramitação de autoria do senador.
Segundo o secretário-adjunto
do Tesouro Nacional Renato Villela, no ano passado, Estados e
municípios repassaram para a
União R$ 10 bilhões para o pagamento da dívida. Se estivesse em
vigor, a proposta de Alencar reduziria o repasse para R$ 4 bilhões.
A discussão para mudar os contratos com Estados e municípios
passa pelo Congresso, pois a Lei
de Responsabilidade Fiscal diz
que eles não podem ser alterados.
A aprovação do projeto de Alencar exigiria quórum qualificado.
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