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Grupo de três deputados defende rompimento com o FMI e não-assinatura da Alca
Esquerda petista se reúne e articula pressão a Lula
MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO
Um grupo de "radicais" da esquerda do PT mostrou ontem que
não aceitará o tom moderado que
vem sendo adotado pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da
Silva. Em reunião na sede do PT
do Rio, ontem, eles defenderam o
rompimento com o acordo firmado com o FMI (Fundo Monetário
Internacional), que prevê superávit primário de 3,88% do PIB, a
não-assinatura da Alca (Área de
Livre Comércio das Américas) e o
aumento do mínimo para R$ 240.
Lula e assessores vêm acenando
que o governo federal cumprirá
todos os compromissos internacionais, incluindo a meta de superávit primário acertada com o
FMI, e que será muito difícil conseguir um aumento do mínimo
além dos 5% previstos na proposta orçamentária para 2003.
"Eu defendo o rompimento
com o Fundo. Essa história de
manutenção do superávit primário, incluindo até a elevação das
metas, representa toda a lógica
dessa política neoliberal. Nós queremos justamente o contrário e
elegemos Lula para ser o contraponto deste modelo neoliberal",
afirmou o deputado federal eleito
Lindberg Farias (RJ).
Farias foi o único petista presente que aceitou falar publicamente
com a Folha. Também participaram da reunião os deputados eleitos Luciana Genro (RS) e Luiz
Eduardo Greenhalgh (SP).
No final do encontro petista, foi
divulgada uma nota, branda, em
que o grupo afirma que a eleição
de Lula foi uma "vitória histórica
do povo brasileiro".
O grupo, porém, exige que o
presidente eleito cumpra os compromissos que foram firmados no
12º Encontro Nacional do PT, realizado em dezembro de 2001, em
Recife.
O documento é polêmico porque fala em "ruptura com o modelo econômico" e "denúncia
[quebra" dos acordos com o
FMI". Para não assustar empresários e investidores, a direção nacional do partido decidiu retirar
esses termos do programa de governo de Lula apresentado na
campanha eleitoral deste ano.
Na reunião de ontem, ficou decidida a formação na Câmara de
um bloco de sete deputados federais -além de Farias, Genro e
Greenhalgh, fazem parte Ivan Valente (SP), Maninha (DF), Babá
(PA) e Nelson Pellegrino (BA).
A reunião causou mal-estar entre as próprias lideranças de esquerda. "Acho inoportuno discutir uma posição crítica em relação
a um governo que nem sequer assumiu", disse o deputado federal
eleito Chico Alencar (RJ). O deputado Milton Temer (RJ), um dos
expoentes da esquerda, não comentou o assunto. "Não fui convidado e não vou falar sobre isso."
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