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CASO PC
Os quatro acusados de envolvimento na morte do empresário eram policiais militares; advogado diz que vai recorrer
Juiz decide levar a julgamento seguranças de PC Farias
MAURO ALBANO
DA AGÊNCIA FOLHA
O juiz da 2ª Vara de Crimes Dolosos Contra a Vida do Fórum de
Maceió, Alberto Jorge Correia,
decidiu ontem levar ao tribunal
do júri quatro seguranças de Paulo César Farias por envolvimento
no assassinato do patrão e de sua
namorada, Suzana Marcolino.
Segundo o juiz, os seguranças tinham "o dever de proteção, cuidado e vigilância" do ex-tesoureiro de campanha do ex-presidente
Fernando Collor de Mello. "Essas
pessoas, ao se omitirem -bastava a mera omissão-, já responderiam por um delito", afirmou.
Os quatro seguranças de PC Farias eram policiais militares. Os
cabos Reinaldo Correia de Lima
Filho e Adeildo Costa dos Santos e
os soldados Josimar Faustino dos
Santos e José Geraldo da Silva devem ser julgados por homicídio
duplo em dezembro, diz o juiz.
O advogado dos acusados, José
Fragoso, anunciou que irá recorrer. "Não há nenhum indício de
envolvimento. Os laudos, os depoimentos das testemunhas, todo
o conjunto probatório demonstra
que quem atirou foi Suzana."
PC e Suzana morreram na madrugada de 23 de junho de 1996,
cada um com um tiro. A polícia
alagoana defendeu a versão de
que Suzana, supostamente ameaçada de abandono pelo namorado, teria matado PC e se suicidado. A tese foi sustentada pela família Farias e por laudo do legista
Fortunato Badan Palhares.
Em 1999, uma reportagem da
Folha mostrou fotografias que
comprovavam estar errada a altura de Suzana no laudo coordenado por Badan, o que invalidava as
conclusões técnicas. As investigações foram retomadas, e a polícia
fez novas descobertas, concluindo que Suzana não atirou nem em
PC nem em si mesma.
Nove pessoas foram indiciadas
como suspeitas de co-autoria do
duplo homicídio: oito ex-funcionários de PC Farias -entre eles,
os quatro seguranças- e um irmão do ex-tesoureiro, o deputado
federal Augusto Farias (PPB-AL).
Os outros quatro empregados
-os caseiros Leonino e Marise de
Carvalho, o garçom Genival da
Silva França e o vigia Manuel Alfredo da Silva- não foram pronunciados ontem pelo juiz Alberto Jorge, por falta de provas.
O promotor Luiz Vasconcelos
havia denunciado (acusado formalmente) os oito funcionários
de PC, mas não pôde se manifestar sobre Augusto Farias, que tem
fórum privilegiado -o STF (Supremo Tribunal Federal)- por
ser deputado.
Em 2000, o procurador-geral da
República, Geraldo Brindeiro, escreveu em parecer que elementos
"indicam a participação" do irmão de PC no "duplo homicídio".
Os oito réus de Alagoas e o deputado Augusto Farias afirmam não
ter cometido crime algum.
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