São Paulo, quarta-feira, 30 de outubro de 2002

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CASO PC

Os quatro acusados de envolvimento na morte do empresário eram policiais militares; advogado diz que vai recorrer

Juiz decide levar a julgamento seguranças de PC Farias

MAURO ALBANO
DA AGÊNCIA FOLHA

O juiz da 2ª Vara de Crimes Dolosos Contra a Vida do Fórum de Maceió, Alberto Jorge Correia, decidiu ontem levar ao tribunal do júri quatro seguranças de Paulo César Farias por envolvimento no assassinato do patrão e de sua namorada, Suzana Marcolino.
Segundo o juiz, os seguranças tinham "o dever de proteção, cuidado e vigilância" do ex-tesoureiro de campanha do ex-presidente Fernando Collor de Mello. "Essas pessoas, ao se omitirem -bastava a mera omissão-, já responderiam por um delito", afirmou.
Os quatro seguranças de PC Farias eram policiais militares. Os cabos Reinaldo Correia de Lima Filho e Adeildo Costa dos Santos e os soldados Josimar Faustino dos Santos e José Geraldo da Silva devem ser julgados por homicídio duplo em dezembro, diz o juiz.
O advogado dos acusados, José Fragoso, anunciou que irá recorrer. "Não há nenhum indício de envolvimento. Os laudos, os depoimentos das testemunhas, todo o conjunto probatório demonstra que quem atirou foi Suzana."
PC e Suzana morreram na madrugada de 23 de junho de 1996, cada um com um tiro. A polícia alagoana defendeu a versão de que Suzana, supostamente ameaçada de abandono pelo namorado, teria matado PC e se suicidado. A tese foi sustentada pela família Farias e por laudo do legista Fortunato Badan Palhares.
Em 1999, uma reportagem da Folha mostrou fotografias que comprovavam estar errada a altura de Suzana no laudo coordenado por Badan, o que invalidava as conclusões técnicas. As investigações foram retomadas, e a polícia fez novas descobertas, concluindo que Suzana não atirou nem em PC nem em si mesma.
Nove pessoas foram indiciadas como suspeitas de co-autoria do duplo homicídio: oito ex-funcionários de PC Farias -entre eles, os quatro seguranças- e um irmão do ex-tesoureiro, o deputado federal Augusto Farias (PPB-AL).
Os outros quatro empregados -os caseiros Leonino e Marise de Carvalho, o garçom Genival da Silva França e o vigia Manuel Alfredo da Silva- não foram pronunciados ontem pelo juiz Alberto Jorge, por falta de provas.
O promotor Luiz Vasconcelos havia denunciado (acusado formalmente) os oito funcionários de PC, mas não pôde se manifestar sobre Augusto Farias, que tem fórum privilegiado -o STF (Supremo Tribunal Federal)- por ser deputado.
Em 2000, o procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, escreveu em parecer que elementos "indicam a participação" do irmão de PC no "duplo homicídio". Os oito réus de Alagoas e o deputado Augusto Farias afirmam não ter cometido crime algum.



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