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São Paulo, quinta-feira, 30 de outubro de 2003

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ORÇAMENTO

Denúncia é do presidente do sindicato da PF na Paraíba

PF não tem dinheiro para contas, mas paga a viagem de agentes ao exterior

FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Federal está sem dinheiro para pagar combustível de seus veículos, contas de telefone e diárias de agentes em viagens a serviço, mas alguns servidores garantem vencimentos para fazer, no exterior, "cursos intensivos de idiomas", de 60 a 90 dias, ou participar de eventos esportivos.
O caso foi revelado pelo presidente do Sindicato dos Servidores da PF na Paraíba, Sílvio Reis Santiago, em depoimento prestado ao Ministério Público Federal em João Pessoa, no último dia 13.
Segundo Santiago, apesar da falta de recursos para as diárias a agentes em missão em outros Estados, a PF "vem pagando, sem identificação dos beneficiários, com código "reservado", diárias a certos servidores". Ele disse que a Superintendência Regional da PF na Paraíba registra diárias não pagas a agentes federais no total de R$ 306 mil, dos quais R$ 260 mil foram acumulados neste ano.
Segundo o dirigente, os policiais estão "pagando do próprio bolso as despesas". Como gastaram por conta de "diárias a receber", ficaram endividados na Cooperativa dos Policiais Federais e Rodoviários Federais. Esses créditos estavam sendo repassados pela PF diretamente à cooperativa, até que o Tribunal de Contas da União condenou a prática.
Para tentar romper os atrasos, o sindicato dos servidores da PF ingressou com mandado de segurança, pretendendo impedir que a Superintendência Regional determine deslocamentos a serviço sem o pagamento antecipado.
A título de mostrar o mau gerenciamento dos recursos, Santiago entregou ao procurador Fábio Nóbrega cópias de despachos do ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) autorizando o afastamento do país de servidores.
Há deslocamentos de agentes para escolta de repatriados. Outros seguem para cursos de inteligência policial no exterior. Como observa Santiago, há os que viajam "para participação em atividades que nada dizem respeito às atividades desenvolvidas pela Polícia Federal", como cursos de idiomas ou disputas esportivas.
É o caso, por exemplo, do escrivão de polícia João Justiniano Sobrinho, lotado na PF do Rio, autorizado a fazer curso intensivo de francês em Paris; do agente Brasiliano Renovato dos Santos, da PF de Goiás, que foi estudar inglês em Atlanta (EUA); e de Marcos André dos Santos Soares, do Rio, autorizado a integrar, por dez dias, a seleção brasileira de basquete em Orlando (EUA).
Procuradas pela Folha desde sexta-feira, as assessorias de imprensa do Ministério da Justiça e da PF não comentaram os casos.


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