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ORÇAMENTO
Denúncia é do presidente do sindicato da PF na Paraíba
PF não tem dinheiro para contas, mas paga a viagem de agentes ao exterior
FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Federal está sem dinheiro para pagar combustível de
seus veículos, contas de telefone e
diárias de agentes em viagens a
serviço, mas alguns servidores garantem vencimentos para fazer,
no exterior, "cursos intensivos de
idiomas", de 60 a 90 dias, ou participar de eventos esportivos.
O caso foi revelado pelo presidente do Sindicato dos Servidores
da PF na Paraíba, Sílvio Reis Santiago, em depoimento prestado
ao Ministério Público Federal em
João Pessoa, no último dia 13.
Segundo Santiago, apesar da
falta de recursos para as diárias a
agentes em missão em outros Estados, a PF "vem pagando, sem
identificação dos beneficiários,
com código "reservado", diárias a
certos servidores". Ele disse que a
Superintendência Regional da PF
na Paraíba registra diárias não pagas a agentes federais no total de
R$ 306 mil, dos quais R$ 260 mil
foram acumulados neste ano.
Segundo o dirigente, os policiais
estão "pagando do próprio bolso
as despesas". Como gastaram por
conta de "diárias a receber", ficaram endividados na Cooperativa
dos Policiais Federais e Rodoviários Federais. Esses créditos estavam sendo repassados pela PF diretamente à cooperativa, até que o
Tribunal de Contas da União condenou a prática.
Para tentar romper os atrasos, o
sindicato dos servidores da PF ingressou com mandado de segurança, pretendendo impedir que a
Superintendência Regional determine deslocamentos a serviço
sem o pagamento antecipado.
A título de mostrar o mau gerenciamento dos recursos, Santiago entregou ao procurador Fábio Nóbrega cópias de despachos
do ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) autorizando o afastamento do país de servidores.
Há deslocamentos de agentes
para escolta de repatriados. Outros seguem para cursos de inteligência policial no exterior. Como
observa Santiago, há os que viajam "para participação em atividades que nada dizem respeito às
atividades desenvolvidas pela Polícia Federal", como cursos de
idiomas ou disputas esportivas.
É o caso, por exemplo, do escrivão de polícia João Justiniano Sobrinho, lotado na PF do Rio, autorizado a fazer curso intensivo de
francês em Paris; do agente Brasiliano Renovato dos Santos, da PF
de Goiás, que foi estudar inglês
em Atlanta (EUA); e de Marcos
André dos Santos Soares, do Rio,
autorizado a integrar, por dez
dias, a seleção brasileira de basquete em Orlando (EUA).
Procuradas pela Folha desde
sexta-feira, as assessorias de imprensa do Ministério da Justiça e
da PF não comentaram os casos.
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