|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ANPOCS
Mendonça de Barros afirmou que, se reeleito com a atual política econômica, presidente não poderá falar de herança maldita
Lula tem cara-de-pau, diz ex-ministro de FHC
RAFAEL CARIELLO
ENVIADO ESPECIAL A CAXAMBU
O economista Luiz Carlos Mendonça de Barros, ex-ministro das
Comunicações do governo Fernando Henrique Cardoso, disse
ontem em Caxambu (MG) que o
presidente "Lula tem uma cara-de-pau extraordinária".
Ele se referia à atribuição que o
presidente faz de males econômicos do país ao governo anterior,
de FHC (1995-2002).
Se Lula for reeleito praticando a
atual política econômica, Mendonça de Barros disse, não poderá
mais ter a "cara-de-pau" de falar
em "herança maldita" após dar
continuidade à receita. Nesse caso, seria claramente uma "herança maldita dele", Lula, afirmou o
ex-ministro. A assessoria de imprensa da Presidência disse que
não comentará as declarações.
As declarações foram feitas durante debate sobre a conjuntura
brasileira, no último dia de discussões do 28º Encontro Anual da
Anpocs (Associação Nacional de
Pós-Graduação e Pesquisa em
Ciências Sociais).
O ex-ministro defendeu que,
apesar do atual crescimento experimentado pelo país, o tipo de inserção na economia global escolhido por esta administração limita a possibilidade de ação do Estado em outras áreas, "é muito perigoso" e deve tornar o Brasil refém
de outra crise internacional, caso
ela venha a ocorrer.
O atual ambiente internacional
favorável a exportações e a investimentos em economias periféricas (dadas as baixas taxas de juros
praticadas nos países ricos), para
Mendonça de Barros, é um "cenário artificial" que "em algum momento será mudado".
Quando isso ocorrer -antes ou
depois das eleições de 2006-, a
conseqüência será uma crise política dentro do governo, disse o
economista, devido ao "pólo anti-[Antonio] Palocci [ministro da
Fazenda]" existente na administração federal. "Vai haver uma
hora da verdade", declarou. "O
governo não está preparado."
"Samba do crioulo doido"
O país não se insere na economia mundial, a seu ver, com um
"projeto nacional", mas refletindo "100% o dinamismo desse corpo [os mercados financeiros e comerciais externos]".
Os responsáveis por isso, segundo o economista, estão na equipe
do ministro Palocci, que "reflete o
liberalismo mais exacerbado".
Mendonça de Barros lembrou o
governo Fernando Henrique, em
que existia debate sobre o modo
de abertura econômica do país
-de que saíram vitoriosos os
mais ortodoxos.
No PT, em contrapartida, segundo ele, por nunca terem debatido a sério as diferentes alternativas, "é o samba do crioulo doido".
Texto Anterior: "Estou preocupado", ironiza Dirceu Próximo Texto: Frases Índice
|