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INVESTIGAÇÃO
Papéis são de empreiteiras do túnel Ayrton Senna
Maluf comprou US$ 14,3 milhões em títulos no exterior, diz Suíça
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Documentos enviados pela Suíça revelam que duas "offshores"
(empresas estrangeiras) registradas em nome do ex-prefeito Paulo Maluf (PP) e da filha Lígia Maluf Curi compraram no mercado
internacional US$ 14,37 milhões
em títulos de empreiteiras ligadas
à construção do túnel Ayrton
Senna -obra apontada pelo Ministério Público como escoadouro de recursos públicos.
A informação consta da ação
que tramita na 4ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo, movida
pelo Ministério Público de São
Paulo contra Maluf e outras 36
pessoas e empresas por enriquecimento ilícito. No total, a Promotoria estima que a família Maluf
tenha movimentado US$ 446 milhões em contas na Suíça.
Segundo os papéis suíços, em
1994 a empresa White Gold, em
nome de Maluf, investiu US$
14,07 milhões na aquisição de títulos da construtora Norberto
Odebrecht. Três anos depois, a
Lindsay Limited, que tem Lígia
como a beneficiária, comprou
US$ 300 mil em títulos da CBPO
Overseas -subsidiária da construtora CBPO.
O ex-prefeito e o grupo negam
terem praticado qualquer irregularidade.
Mesmo grupo
Essas empreiteiras pertencem
ao mesmo grupo, o Norberto
Odebrecht. A CPBO, ao lado da
Constran, foi a responsável pela
construção do túnel, que ficou célebre por ter custado mais, em
metro linear, do que o túnel sob o
canal da Mancha: US$ 223,8 mil
contra US$ 155 mil. O Ayrton
Senna foi a principal obra na última gestão de Maluf como prefeito
de São Paulo (1993-1996).
Para a Promotoria, as contas no
exterior foram abastecidas com
dinheiro desviado do túnel e da
obra da avenida Água Espraiada
(atualmente avenida Jornalista
Roberto Marinho).
Lígia e o marido Maurílio foram
convocados para depor na Polícia
Federal na próxima semana.
O objetivo do depoimento é
descobrir o motivo das compras,
a origem do dinheiro e o nome da
corretora ou banco que negociou
os papéis no mercado financeiro.
Na Justiça
Na Justiça Estadual, Maluf, Lígia, a CBPO e outros 33 réus respondem por improbidade administrativa (má gestão pública). A
Promotoria pede a devolução de
R$ 5 bilhões ao município. A Justiça determinou a indisponibilidade de bens de todos para garantir eventual ressarcimento.
Na Justiça Federal, Maluf é réu
numa ação por crime de evasão
de divisas. O ex-prefeito e o filho
Flávio foram indiciados pela Polícia Federal sob a acusação de cinco crimes. Eles negam todos.
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