DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A análise das notas taquigráficas da CPI da Câmara dos Deputados montada para investigar o setor dos combustíveis mostra que o deputado André Luiz (PMDB-RJ), suspeito de tentar extorquir dinheiro de um empresário, fez uma defesa explícita de um dos principais investigados pela comissão, o empresário Dirceu Antônio de Oliveira Júnior.
Conhecido como "Major Dirceu", o empresário prestou um depoimento sobre o qual pairam suspeitas até hoje. A CPI dos Combustíveis foi encerrada em outubro de 2003 sob a acusação de não aprofundar as apurações.
"Queria dizer que eu acho que o senhor está sendo injustiçado. Eu tenho quase certeza, pela sua firmeza em tudo o que foi perguntado aqui", disse André Luiz em sua intervenção. "Acho que, ou há erro, ou esse dossiê [contra Oliveira Jr.] é de inimigo seu do comércio, da vida do dia-a-dia, adversário seu que queira prejudicá-lo", continuou, quando foi ajudado pelo empresário: "Concorrente".
O empresário é proprietário da distribuidora Golfo Brasil Petróleo, de Paulínia (SP), que era investigada sob a suspeita de adulterar combustíveis. A empresa nega as irregularidades e diz, por meio de advogado, que não sofreu indiciamento ou condenação.
Oliveira Jr. compareceu à comissão em 25 de setembro de 2003 em depoimento que é questionado pelo ouvidor da Câmara, Luciano Zica (PT-SP). "Viajei para a Alemanha com a garantia da CPI de que ele [Oliveira Jr.] não seria ouvido na minha ausência."
No seu depoimento, Oliveira Jr. assegura que nada tem a esconder e que não se recusaria a retornar para prestar novo depoimento. O empresário conseguiu, dias depois, mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal que impedia o uso da força para levá-lo novamente a depor.
Um de seus advogados, João Lourenço Rodrigues da Silva, diz que o motivo do ingresso no STF foi a "evidente animosidade" entre Zica e Oliveira Jr.
A empresa de Oliveira Jr. é a proprietária de um veículo no qual foram apreendidos US$ 130 mil em 2003, em Santa Rita do Passa Quatro (SP). Os três policiais que efetuaram a prisão disseram em depoimento à Polícia Federal que a quantia iria para um deputado federal em Brasília.
André Luiz é investigado pela Câmara sob a suspeita de tentar extorquir R$ 4 milhões de Carlos Ramos, o Cachoeira. O gabinete do deputado informou que ele se recupera de acidente automobilístico e que não falaria com a imprensa. (RANIER BRAGON e MARTA SALOMON)


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