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CRIME ORGANIZADO
A maior dívida pertence ao presidente e ao ex-presidente da Assembléia Legislativa de Mato Grosso; eles negam
União cobra R$ 88 mi de devedores de Arcanjo
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ (MT)
A União Federal está cobrando
em Mato Grosso R$ 88 milhões de
devedores das empresas de factoring do ex-policial João Arcanjo
Ribeiro, 53, condenado no fim do
ano passado por lavagem de dinheiro, crime contra o sistema financeiro e formação de organização criminosa.
Segundo a AGU (Advocacia Geral da União), a dívida mais alta
tem o valor de R$ 30,5 milhões e é
dos deputados José Geraldo Riva
(PTB) e Humberto Melo Bosaipo
(sem partido), respectivamente
presidente e ex-presidente da Assembléia Legislativa de Mato
Grosso. A AGU entrou, nesta semana, com ação de cobrança contra os dois na Justiça Federal.
Além de condenar o ex-policial,
o juiz federal Julier Sebastião da
Silva também seqüestrou todo o
patrimônio dele em favor da
União Federal. Segundo a decisão
do juiz, as dívidas que as empresas de Arcanjo têm para receber
também passaram a fazer parte
do patrimônio repassado à
União. Por isso, a Justiça mandou
a AGU cobrar os devedores.
São cerca de 5.000 cheques, notas promissórias e duplicatas
apreendidos nas empresas de factoring no mês de dezembro de
2002, quando foi decretada a prisão de Arcanjo.
Factorings compram notas promissórias e cheques, encarregando-se de cobrá-los.
Ao menos oito factorings de Arcanjo operavam ilegalmente como se fossem bancos, segundo a
Justiça Federal. Entre os devedores estão políticos, empresários,
comerciantes e pessoas físicas. Há
cheques de R$ 100 a R$ 1 milhão.
A maioria dos devedores não
operou com as empresas, só emitiu cheques trocados por comerciantes com Arcanjo. Parte da cobrança da União tem sido feita
por comunicados enviados aos
devedores, sem ações na Justiça.
Deputados
Em carta enviada à AGU, Riva
afirma que ele e Bosaipo não devem a Arcanjo. Argumenta que
assinou 22 notas promissórias
(no valor de R$ 30,5 milhões) para
que fornecedores e prestadores de
serviço da Assembléia obtivessem
empréstimo na factoring.
Como a Assembléia pagou os
fornecedores e esses quitaram o
débito com a factoring, não existem mais dívidas, diz o deputado.
A Justiça Federal apontou que a
Assembléia, então presidida por
Bosaipo em revezamento com Riva, depositou na conta da factoring de Arcanjo R$ 80,7 milhões,
de 1995 a 2003.
Os depósitos são considerados
ilegais pelo Ministério Público Federal e Justiça Federal.
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