São Paulo, segunda-feira, 30 de outubro de 2006

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Painel

Renata Lo Prete - painel@uol.com.br

Meio a meio

O assanhamento da ala "desenvolvimentista" do governo, que por meio de um de seus porta-vozes, Tarso Genro, decretou ontem o "fim da era Palocci", não reflete o estado de espírito de Lula, que, em privado, manifestou contrariedade com a declaração do ministro das Relações Institucionais. Não é que o presidente não queira medidas que acelerem o crescimento. Mas, ao contrário desse grupo, Lula credita à condução da economia no primeiro mandato o fato de ter conseguido se reeleger a despeito das dificuldades na área política. Por isso, quem o conhece bem acha difícil que o presidente realize totalmente o sonho dos "desenvolvimentistas": manter Guido Mantega na Fazenda e tirar Henrique Meirelles do BC. A permanência de um estaria, assim, condicionada à do outro.

Estratégicos. Dois neoaliados são especialmente caros a Lula: Blairo Maggi (MT), por lhe abrir canal com o agronegócio, e Sérgio Cabral, por permitir rara aliança entre o governo federal e o do Rio.

Pé fora. Os donos do PMDB dão como certa a saída de Garotinho. Lula disse aos aliados que, não fosse o ex-governador do Rio, a sigla teria ficado com a vice-presidência.

Cara do Brasil. Petistas de fora de SP ressaltam o senso de oportunidade de Marta Suplicy, que fez questão de levá-los para o palanque de Lula no Estado, como a dizer que é paulista, sim, mas não pertence ao time dos "aloprados".

Veja bem. A diminuição expressiva da vantagem de Alckmin em São Paulo do primeiro para o segundo turno será utilizada pelos petistas do Estado para combater o discurso segundo o qual os paulistas são os culpados por todas as desgraças e devem perder espaço no partido.

Encolheu. Um adversário tripudia do fato de o candidato tucano ter recebido no segundo turno menos votos do que no primeiro: "Quando o eleitor conheceu melhor Geraldo Alckmin, teve menos vontade de votar nele".

Deflator. Em confraternização sábado à noite na produtora de seus programas de TV, Alckmin viu os últimos números internos da campanha. Lula liderava por diferença inferior a dois dígitos.

Leia-se. Quando Tasso Jereissati diz que não quer permanecer na presidência do PSDB em 2007, sugerindo o nome de Alckmin para sucedê-lo, na verdade está mandando um recado aos tucanos que não desejam ver nenhum dos dois nessa cadeira. Algo como: "Me deixem ficar. A alternativa pode ser pior".

Encontro marcado. José Serra estréia o figurino de líder da oposição em entrevista coletiva amanhã em SP.

Concertação. O presidente da Câmara, Aldo Rebelo, almoça hoje em São Paulo com o prefeito da capital, Gilberto Kassab (PFL), e Aloysio Nunes Ferreira (PSDB).

Noivado. O PSB do governador eleito de Pernambuco, Eduardo Campos, propôs ao PC do B de Aldo Rebelo um desenho de fusão em que os "comunistas" preservem algum grau de independência, como uma fundação própria e, principalmente, o direito de manejar a seu critério uma parcela do fundo partidário.

Reserva. A vitória de Roberto Requião (PMDB) no Paraná, por esquálida margem de votos, deveu-se aos pequenos municípios do interior, onde o governador tinha uma sólida rede de prefeitos.

Onde mesmo? Piada de um peemedebista sobre a derrota de Roseana: "O Sarney falou tanto que era do Amapá que o povo do Maranhão acabou acreditando".

Dada a largada. Já corre solta nos bastidores a campanha para líder do PT. Os não-paulistas trabalham por Walter Pinheiro (BA). A única certeza é que Henrique Fontana (RS) deixará o cargo.

Tiroteio

Bornhausen disse que gostaria de acabar com a raça do PT, mas pelo jeito eles esqueceram de procriar, porque o PFL foi praticamente extinto.


Do deputado federal DOUTOR ROSINHA (PT-PR) sobre o fato de o PFL ter feito apenas um governador nas eleições de 2006.

Contraponto

Galã

Os governadores eleitos Marcelo Déda (PT-SE) e Aécio Neves (PSDB-MG) encontraram-se na Globo durante o último debate. Os dois, que têm a mesma idade -46 anos- e fazem aniversário em dias consecutivos, são amigos desde os tempos em que eram deputados federais.
Num intervalo, deixaram as "torcidas" de Lula e Alckmin para conversar na sala do lanche. Quando chamados a retornar, Déda notou que Aécio se dirigia para o lado errado, rumo a outros estúdios da emissora.
-O debate nem terminou e você já vai atrás das atrizes?- brincou o petista com o amigo, famoso namorador.
-Nada disso, apenas me enganei de porta- respondeu o tucano, rindo e dando meia-volta.


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