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Investigação sobre Zeca do PT alcança Delcídio e deputados
Livro apreendido por promotores indica pagamentos mensais a parlamentares
Segundo Ministério Público, esquema de caixa dois no
Mato Grosso do Sul teria desviado R$ 30 milhões
em verba de publicidade
HUDSON CORRÊA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na investigação sobre esquema de caixa dois supostamente
comandado por Zeca do PT,
que governou o Mato Grosso do
Sul de 1999 a 2006, o Ministério Público Estadual apreendeu
livro com anotações de pagamentos mensais atribuídos ao
senador Delcídio Amaral (PT-MS) e a dois deputados federais
petistas do Estado, Vander
Loubet e Antônio Carlos Biffi.
O esquema, segundo o Ministério Público, desviou R$ 30
milhões em verbas de publicidade durante o governo de Zeca. A suspeita dos promotores é
de que o dinheiro desviado tenha sido usado para pagamento
aos parlamentares citados no
livro. Os três negam.
Raufi Marques, ex-secretário
de Governo de Zeca do PT, disse à Folha que pediu à sua então secretária e ordenadora de
despesas Salete Terezinha de
Luca que fizesse as anotações.
O livro foi apreendido na casa
de Salete. Raufi afirma, porém,
que as anotações se referiam a
campanhas eleitorais e à disputa interna pela direção estadual
do PT. "Não tinha nada a ver
com o governo. Preciso analisar para ver a que se referem."
Por causa do suposto esquema, o ex-governador foi denunciado pelo Ministério Público
por peculato (desvio de dinheiro público) em duas ações diferentes. Ontem, a Justiça Estadual aceitou ambas.
A lista de supostos pagamentos ainda inclui, conforme a
Promotoria, deputados estaduais, o presidente estadual do
PT, Mariano Cabreira, e o ex-deputado federal João Grandão (PT-MS). Os pagamentos
mensais teriam ocorrido de
agosto de 2004 a abril de 2005.
O promotor Marcos Antônio
Martins Sottoriva disse que encaminhou na semana passada o
livro com anotações para a Procuradoria Geral da República
em Brasília, que pode pedir ao
STF (Supremo Tribunal Federal) investigação contra deputados e senadores -com foro
privilegiado, não podem ser investigados em nível estadual.
O Ministério Público também fará uma perícia no livro,
que já foi anexado à ações penais movidas contra o ex-governador na Justiça de MS.
No livro, segundo os promotores, aparece anotado o seguinte: "dep. Biffi, dep Vander,
dep João Grandão, sen Delcídio". Ao lado de cada nome,
aparece escrito "25.0", que os
promotores dizem acreditar
ser o valor de R$ 25 mil.
Conforme a denúncia, Zeca
do PT e Raufi Marques pediam
à funcionária do governo Ivanete Leite Martins que procurasse agências de publicidade
que tivessem contratos públicos para "levantar dinheiro".
Após não conseguir ajuda de
petistas para conseguir emprego e fazer o tratamento de saúde da mãe, Martins procurou a
imprensa no início do ano para
revelar o suposto esquema, que
funcionaria da seguinte forma:
Agências de publicidade
apresentavam orçamento falso
para prestar os serviços encomendados pelo governo, como,
por exemplo, a confecção de
cartilhas educativas.
O trabalho não era feito, mas
gráficas em acordo com as
agências apresentavam notas
frias para cobrar pelo serviço
-segundo a Promotoria, com o
conhecimento de Zeca do PT.
O governo pagava pelo trabalho. A agência ficava com 15%
do valor e a gráfica com até
17%. O resto do dinheiro voltaria ao gabinete do governador
em esquema de caixa dois para
pagamentos, diz a Promotoria.
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