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Sarney critica Chávez e sugere veto à Venezuela no Mercosul
Para senador, venezuelano iniciou "corrida armamentista" no continente; oposição diz que democracia "capenga e defeituosa" influencia políticos brasileiros
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O senador José Sarney
(PMDB-AP) voltou a criticar o
presidente da Venezuela, Hugo
Chávez, a quem creditou o início de uma "corrida armamentista" no continente, e sugeriu
que o Senado vete o ingresso do
país no Mercosul.
"É um perigo ao Brasil e à
América Latina que tenhamos
uma potência militar instaurada dentro do continente. Se não
temos recursos no Orçamento
para destinarmos às forças militares, nem o Brasil nem os outros países da América Latina,
uma corrida armamentista na
América Latina nos obrigaria a
nos desviarmos do nosso caminho de investir na área social
para termos que fazer o equilíbrio militar", afirmou, em discurso no plenário.
Sarney já havia feito outras
críticas a Chávez. Ontem, o
peemedebista também criticou
alterações na legislação da Venezuela que ampliam os poderes de seu presidente e as recentes compras de armamentos. Segundo ele, Hugo Chávez
teria gasto US$ 4 bilhões em
aviões, navios e fuzis.
"Nós já o vimos ali em cima,
dizendo que era a melhor democracia do mundo. Que democracia eles estão construindo! Basta que tenhamos a visão
do que se faz em relação às armas e às instituições para que
possamos ter apreensões", afirmou o senador.
Em seguida, Sarney cogitou a
possibilidade de o Senado não
aprovar a inclusão da Venezuela no Mercosul -a proposta já
foi aprovada em comissão na
Câmara. "Se tivermos o pedido
da entrada da Venezuela no
Mercosul, devemos examinar
se este país está realmente
cumprindo os itens fundamentais do Mercosul", disse.
Na semana passada, o deputado venezuelano Carlos Escarrá também atacou o senador
brasileiro, a quem chamou de
"lacaio" e "servil". "Não temos
nada contra o governo Lula e o
povo do Brasil, mas sim contra
esse cisto lacaio e servil que parece um boneco de algum desses ventríloquos que fazem outra pessoa falar", afirmou o venezuelano.
O discurso de Sarney abriu
um debate no plenário. A oposição tentou associar a fala do
peemedebista para traçar um
paralelo com a possibilidade de
um terceiro mandato do presidente Lula. Essa possibilidade
foi aventada por aliados do governo na Câmara.
"Fica para reflexão o exemplo que eles estão, com a sua democracia capenga ou defeituosa ou inexistente, produzindo
para a classe política no Brasil.
Há parlamentar no Brasil que
está ousando, um quer a rediscussão do tamanho do mandato com reeleição, e outro, amigo
pessoal do presidente propõe
plebiscito [pelo terceiro mandato de Lula]", disse o líder do
DEM, José Agripino (RN).
"Está evidenciado que o presidente Hugo Chávez pretende
adequar o Mercosul aos seus
interesses personalíssimos",
disse Álvaro Dias (PSDB-PR).
(SILVIO NAVARRO)
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