São Paulo, terça-feira, 30 de outubro de 2007

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Sarney critica Chávez e sugere veto à Venezuela no Mercosul

Para senador, venezuelano iniciou "corrida armamentista" no continente; oposição diz que democracia "capenga e defeituosa" influencia políticos brasileiros

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O senador José Sarney (PMDB-AP) voltou a criticar o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, a quem creditou o início de uma "corrida armamentista" no continente, e sugeriu que o Senado vete o ingresso do país no Mercosul.
"É um perigo ao Brasil e à América Latina que tenhamos uma potência militar instaurada dentro do continente. Se não temos recursos no Orçamento para destinarmos às forças militares, nem o Brasil nem os outros países da América Latina, uma corrida armamentista na América Latina nos obrigaria a nos desviarmos do nosso caminho de investir na área social para termos que fazer o equilíbrio militar", afirmou, em discurso no plenário.
Sarney já havia feito outras críticas a Chávez. Ontem, o peemedebista também criticou alterações na legislação da Venezuela que ampliam os poderes de seu presidente e as recentes compras de armamentos. Segundo ele, Hugo Chávez teria gasto US$ 4 bilhões em aviões, navios e fuzis.
"Nós já o vimos ali em cima, dizendo que era a melhor democracia do mundo. Que democracia eles estão construindo! Basta que tenhamos a visão do que se faz em relação às armas e às instituições para que possamos ter apreensões", afirmou o senador.
Em seguida, Sarney cogitou a possibilidade de o Senado não aprovar a inclusão da Venezuela no Mercosul -a proposta já foi aprovada em comissão na Câmara. "Se tivermos o pedido da entrada da Venezuela no Mercosul, devemos examinar se este país está realmente cumprindo os itens fundamentais do Mercosul", disse.
Na semana passada, o deputado venezuelano Carlos Escarrá também atacou o senador brasileiro, a quem chamou de "lacaio" e "servil". "Não temos nada contra o governo Lula e o povo do Brasil, mas sim contra esse cisto lacaio e servil que parece um boneco de algum desses ventríloquos que fazem outra pessoa falar", afirmou o venezuelano.
O discurso de Sarney abriu um debate no plenário. A oposição tentou associar a fala do peemedebista para traçar um paralelo com a possibilidade de um terceiro mandato do presidente Lula. Essa possibilidade foi aventada por aliados do governo na Câmara.
"Fica para reflexão o exemplo que eles estão, com a sua democracia capenga ou defeituosa ou inexistente, produzindo para a classe política no Brasil. Há parlamentar no Brasil que está ousando, um quer a rediscussão do tamanho do mandato com reeleição, e outro, amigo pessoal do presidente propõe plebiscito [pelo terceiro mandato de Lula]", disse o líder do DEM, José Agripino (RN).
"Está evidenciado que o presidente Hugo Chávez pretende adequar o Mercosul aos seus interesses personalíssimos", disse Álvaro Dias (PSDB-PR). (SILVIO NAVARRO)


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