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PSDB precisa definir candidato em bandejão, diz Aécio
Governador ironiza o jantar no restaurante Massimo, em 2006, no qual os líderes do partido discutiram quem seria o presidenciável
Marcello Casal Jr./Agência Brasil
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O governador de Minas, Aécio Neves, e o técnico Dunga deixam o hotel em Zurique para participar de um almoço na sede da Fifa |
CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A ZURIQUE
Desta vez, a candidatura do
PSDB à Presidência da República tem que ser definida "no
mínimo num bandejão".
Ironia do governador de Minas Gerais, Aécio Neves, óbvio
candidato a ser o preferido nesse hipotético "bandejão", para
referir-se à famosa foto de quatro cardeais tucanos reunidos
no luxuoso restaurante Massimo, em São Paulo, para discutir
quem seria o nome do partido
para o pleito de 2006.
A ironia é a maneira que encontra o governador, hábil e
cauteloso como boa parte dos
políticos mineiros, para dizer
que "candidaturas têm que ser
construídas" e que "qualquer
candidatura presidencial tem
que ter razoável dose de naturalidade". O jantar no Massimo, do qual Aécio participou,
refletiu uma maneira elitista
demais e, por extensão, pouco
"natural" de construir uma
candidatura. Aécio, hoje, reconhece: "Em determinados momentos, Serra e Alckmin não
foram candidatos naturais".
Como foram os dois mais recentes candidatos tucanos à
Presidência, o governador
acredita que o partido "apanhou tanto que não vai entrar
em aventuras" desta vez. "O
PSDB vai estar unido até porque tem juízo", acha Aécio.
Unido em torno dele próprio
ou de Serra? "Não é hora de falar em candidaturas. Candidaturas são muito mais que um
projeto pessoal. Estaremos
juntos construindo uma alternativa para o Brasil", responde.
Nesse ponto, Serra está de
acordo. Entrou na conversa
com os jornalistas muitas horas
depois, mas sempre no Hotel
Marriott de Zurique, onde ambos se hospedam, convidados
da CBF para a cerimônia de hoje em que será oficializada a indicação do Brasil para organizar a Copa de 2014. Mas, ao fazê-lo, Serra tomou o mesmo rumo, dividido em três pedaços:
1 - É cedo para falar em candidaturas. 2 - "Estaremos unidos." 3 - "Dentro do PSDB, Aécio e eu vamos estar juntos."
Nem tanto, a julgar pela avaliação que Aécio faz sobre a disputa municipal em São Paulo
em 2008. Dando palpite em
terra alheia, o mineiro afirma:
"Ouso dizer que é muito natural que o PSDB tenha candidato
próprio, ainda mais tendo um
nome como o do Geraldo".
Serra, na sua vez, nega terminantemente que esteja apoiando a candidatura do prefeito
Gilberto Kassab (DEM): "Nunca ninguém me ouviu dizer que
apóio o Gilberto". Pode ser verdade, mas o fato é que no PSDB
paulista e paulistano há um virtual consenso de que Serra trabalha pela candidatura Kassab,
ao passo que Alckmin corre em
faixa própria e não esconde o
desejo de ser candidato.
Serra evitou ao máximo falar
de política. Queria restringir-se
aos projetos de São Paulo para a
Copa 2014. Aécio, ao contrário,
não só falou com gravadores ligados como, depois de desligados, ficou um longo tempo em
bate-papo informal com os jornalistas. Do pouco que Serra falou e do muito que disse Aécio,
emerge outro ponto comum: a
crítica de ambos ao governo de
Luiz Inácio Lula da Silva.
Aécio critica-o por "estar
perdendo uma ótima oportunidade para fazer reformas importantíssimas" (a reforma política, a trabalhista, a tributária). Serra critica o fato de o governo ter adotado "medidas de
incentivo à entrada de dólares
quando há abundância da moeda norte-americana".
O fato de o ano de 2007 ter sido perdido "sem falar em reformas fundamentais" faz Aécio
acreditar que o governo não as
fará: "Todo governo perde capital e força política a partir de
sua segunda metade", diz.
E assume uma eventual candidatura: "Se as circunstâncias
surgirem, tenho que estar preparado para elas". Completa:
"Sou um instrumento de unidade, pronto a ajudar qualquer
candidato que tenha condições
de tocar essas reformas". Mas o
mineiro quer uma aliança "ampla", sem a qual acha que "ninguém ganha nem governa".
Uma aliança em que cabe até
mesmo o PT, ainda que tangencialmente: "Acho que ainda é
possível -e não em tempo distante- a consolidação de uma
aliança que possa trazer para
perto PT e PSDB". O problema
é que essa aproximação esbarra
no fato de que os dois partidos
são "um pouco reféns da força
dos nomes de São Paulo". Implicação óbvia, mas não explicitada na conversa: um nome de
Minas resgataria os "reféns".
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