São Paulo, quinta-feira, 30 de outubro de 2008

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JANIO DE FREITAS

Daqui para a frente


Lula nega maior interesse na disputa em que entrou para valer; não precisaria dizer nada, seu ressentimento já está todo na negação

O CONTRASTE entre os vitoriosos José Serra e Aécio Neves, de uma parte, e de outra Lula, é bastante sugestivo. Os dois coincidiram na recusa a qualquer toque triunfalista por seus êxitos, minimizando-os como feitos e logo negando, com a conveniente mudança de assunto, algum reflexo dos resultados em São Paulo e Belo Horizonte na disputa da sucessão presidencial. Era a percepção de que não precisavam se promover: com o primeiro movimento efetivo, o jogo mudou de tática e deixou de ser para a platéia.
Lula, na contramão, passou recibo de seu embaraço. Derrotado que nega maior interesse na disputa em que entrou para valer não precisaria dizer mais nada, seu ressentimento já está todo na negação. Lula quis um acréscimo, porém. Para a insinceridade de negar a importância de São Paulo -não ficou claro se política, eleitoral ou ambas- no processo sucessório de 2010.
É consenso que o feitio da crise financeira sobre o Brasil tende a influir muito na disputa pela Presidência. Vista essa possibilidade de um ângulo mais presente, a derrota em São Paulo é ainda mais onerosa para Lula: além de um tiro talvez letal no projeto de Serra, a vitória eloqüente daria a Lula uma reserva adicional de prestígio para contrapor aos efeitos políticos da crise. Lula chega ao limiar desses efeitos com perda de massa muscular.
As vitórias de Aécio Neves e José Serra não conduzem, por ora, a deduções razoáveis sobre seus reflexos nos projetos de ambos. Reconhecido o peso possível do PMDB na sucessão, embora sem candidato próprio, no entanto é preciso notar, também, que o PMDB são vários, e todos problemáticos. A aliança do PMDB paulista com José Serra, por exemplo, nada mais sugere do que isso mesmo. É só o PMDB de Quércia, que, fora dos limites paulistas, mal é lembrado no próprio partido.
Por seu lado, Aécio Neves contrariou pretensões mineiras do PMDB, como as do ministro Hélio Costa e do ex-governador Newton Cardoso, paralelo local de Orestes Quércia. Já Lula tem em mãos, e tem usado sem o mais leve pudor, tudo de que o peemedebismo atual mais gosta. Com todos os seus números eleitorais, portanto, o PMDB continua a ser apenas uma interrogação negocial.

Começo
Ainda que esteja à distância do público, já é intensa a insatisfação dos interessados na montagem do secretariado de Eduardo Paes, no Rio. As especulações entre os participantes da aliança multipartidária, sobre as possibilidades de seus pretendentes a secretarias e outros bons cargos, são contrariadas pelos boatos.
Eduardo Paes já está no seu primeiro teste. E com forte parcela da imprensa mordiscando-o. São dois testes, portanto.

Mesmo fim
Sabe que dinheiro está posto à disposição de duas dúzias de construtoras muito lucrativas? O das Cadernetas de Poupança, o do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e o do Fundo de Amparo ao Trabalhador.


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