São Paulo, quinta-feira, 30 de outubro de 2008

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Em visita a Cuba, Lula faz gesto político de apoio a Raúl

Apesar da crise econômica na ilha, governo vai instalar agência de investimentos e firmará acordo para prospecção de petróleo

CLAUDIO DANTAS SEQUEIRA
FLÁVIA MARREIRO
DA REPORTAGEM LOCAL

Na visita que inicia hoje a Havana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai reiterar o desejo de que o Brasil aumente sua presença em Cuba. O gesto de caráter político será alavancado por duas medidas práticas: a abertura de escritório da Apex (Agência Brasileira de Promoção das Exportações), para atrair investidores brasileiros a Cuba, e a assinatura de acordo entre Petrobras e Cupet -a estatal cubana- para prospecção compartilhada de petróleo.
As iniciativas fazem parte do "pacote" negociado em janeiro, que incluiu o aumento da linha de crédito do BNDES para Cuba comprar alimentos. No Planalto, a percepção é que os anúncios ajudarão o governo de Raúl Castro, que enfrenta a pior crise desde que substituiu oficialmente seu irmão Fidel na Presidência em fevereiro. A passagem de dois furacões causou danos de US$ 5 bilhões.
O convênio de prospecção de petróleo significa o retorno oficial da Petrobras a Cuba, onde já realizou trabalhos semelhantes, sem resultado. Havana anunciou neste mês que tem reservas equivalentes a 20 bilhões de barris para exploração "offshore" -a cifra é questionada por especialistas.
Já a abertura de escritório da Apex, o primeiro do gênero em Cuba, reforça o aspecto político das iniciativas. Relatório da agência sobre oportunidades em Cuba pondera sobre a "centralização das compras pelo Estado" e "as dificuldades logísticas" da ilha, muitas conseqüências do embargo econômico mantido pelos EUA.
Em junho, o chanceler Celso Amorim lançou o lema "Brasil parceiro número 1" da ilha, posto ocupado pela Venezuela. De lá para cá, a crise de caixa piorou. Havana deixou de pagar a uma petroleira canadense e a fornecedores japoneses.
O presidente da Apex, Alessandro Teixeira, diz que a ilha "é um mercado estratégico" e que a decisão de abrir o escritório "não é emotiva". Cita números: as exportações brasileiras de janeiro a agosto de 2008 tiveram alta de 74% em relação ao mesmo período de 2007.
Para Hélio Doyle, da Universidade de Brasília, está em jogo a afetividade de Lula por Fidel. "É uma decisão política, com conseqüências econômicas."


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