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Serra e Aécio discutem 2010, mas não cedem
Em conversa, governador mineiro insiste em definição até janeiro e descarta ser vice de paulista em chapa puro-sangue
Aécio disse a correligionário que teria como agregar arco maior de alianças; Serra manteve disposição de só definir candidato em março
BRENO COSTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Numa conversa de quase 50
minutos no fim da noite de
quarta-feira, os governadores
de Minas, Aécio Neves, e de São
Paulo, José Serra, voltaram a
divergir sobre os prazos do processo de escolha do candidato
do PSDB à sucessão presidencial. Aécio manteve a cobrança
por uma decisão até o fim do
ano e descartou a possibilidade
de ser vice de Serra.
Aécio telefonou para Serra
sob pretexto de discutir a produção do programa do partido,
que vai ao ar no mês que vem.
Segundo interlocutores do mineiro, aproveitou para deixar
claro que não tem a menor disposição de ser vice -cenário
visto como ideal por aliados do
governador de São Paulo.
Aécio teria dito que, quanto
mais o pressionam para ocupar
a vice, maior é a veemência com
que tem de negar a hipótese.
Em resposta, Serra alegou nunca ter defendido, publicamente, essa possibilidade.
Segundo aliados de Aécio,
Serra destacou a importância
do momento para sua trajetória política, como uma última
oportunidade de concorrer ao
Planalto. Serra tem 67 anos.
Mas serristas negam que tenha
usado esse argumento.
Ainda segundo relato de tucanos, Serra perguntou a Aécio
o que ele pretendia que fosse
definido até dezembro. E teria
dito ainda que Aécio se deprecia ao condicionar seu futuro
político à decisão de outros.
Na conversa, Aécio ponderou, ainda de acordo com seus
aliados, que tem condições de
agregar um arco maior de partidos em torno de seu nome, embora Serra lidere as pesquisas
até aqui. A conversa não alterou a preferência de cada um
em relação às datas consideradas ideais para a definição.
Aécio manteve a intenção de
lançar sua candidatura ao Senado em dezembro, caso não
haja definição pública de Serra
e do PSDB dentro dos próximos dois meses. Já Serra manteve sua disposição de esticar a
corda até março.
"No final do ano, vou fazer
essa opção", disse Aécio, após
evento no Palácio da Liberdade. "Eu tenho uma responsabilidade enorme com Minas Gerais. Se o caminho da Presidência não for entendido pelo partido como o mais adequado para mim, serei solidário, mas estarei em Minas como candidato
ao Senado. O "timing" de cada
um é o "timing" de cada um".
Nervos
A ameaça de Aécio de se lançar ao Senado frustra estratégia
de Serra de evitar o embate
eleitoral com o PT até o ano que
vem. Anteontem, o paulista declarou que tem "nervos de aço"
em relação às pressões para que
antecipe seu calendário. Mas
lamentou, em conversas reservadas, a resistência de Aécio à
chapa puro-sangue.
O mineiro afirmou, ontem,
que "há que se ter compreensão
de parte a parte", e que seus
nervos "sempre estiveram
muito serenos nesse processo".
Questionado se, na hipótese
de efetivamente se lançar ao
Senado, poderia voltar atrás caso o PSDB optasse por ele posteriormente, Aécio disse que "o
depois sempre vem depois".
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