São Paulo, sexta-feira, 30 de outubro de 2009

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Serra e Aécio discutem 2010, mas não cedem

Em conversa, governador mineiro insiste em definição até janeiro e descarta ser vice de paulista em chapa puro-sangue

Aécio disse a correligionário que teria como agregar arco maior de alianças; Serra manteve disposição de só definir candidato em março


BRENO COSTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Numa conversa de quase 50 minutos no fim da noite de quarta-feira, os governadores de Minas, Aécio Neves, e de São Paulo, José Serra, voltaram a divergir sobre os prazos do processo de escolha do candidato do PSDB à sucessão presidencial. Aécio manteve a cobrança por uma decisão até o fim do ano e descartou a possibilidade de ser vice de Serra.
Aécio telefonou para Serra sob pretexto de discutir a produção do programa do partido, que vai ao ar no mês que vem. Segundo interlocutores do mineiro, aproveitou para deixar claro que não tem a menor disposição de ser vice -cenário visto como ideal por aliados do governador de São Paulo.
Aécio teria dito que, quanto mais o pressionam para ocupar a vice, maior é a veemência com que tem de negar a hipótese. Em resposta, Serra alegou nunca ter defendido, publicamente, essa possibilidade.
Segundo aliados de Aécio, Serra destacou a importância do momento para sua trajetória política, como uma última oportunidade de concorrer ao Planalto. Serra tem 67 anos. Mas serristas negam que tenha usado esse argumento.
Ainda segundo relato de tucanos, Serra perguntou a Aécio o que ele pretendia que fosse definido até dezembro. E teria dito ainda que Aécio se deprecia ao condicionar seu futuro político à decisão de outros.
Na conversa, Aécio ponderou, ainda de acordo com seus aliados, que tem condições de agregar um arco maior de partidos em torno de seu nome, embora Serra lidere as pesquisas até aqui. A conversa não alterou a preferência de cada um em relação às datas consideradas ideais para a definição.
Aécio manteve a intenção de lançar sua candidatura ao Senado em dezembro, caso não haja definição pública de Serra e do PSDB dentro dos próximos dois meses. Já Serra manteve sua disposição de esticar a corda até março.
"No final do ano, vou fazer essa opção", disse Aécio, após evento no Palácio da Liberdade. "Eu tenho uma responsabilidade enorme com Minas Gerais. Se o caminho da Presidência não for entendido pelo partido como o mais adequado para mim, serei solidário, mas estarei em Minas como candidato ao Senado. O "timing" de cada um é o "timing" de cada um".

Nervos
A ameaça de Aécio de se lançar ao Senado frustra estratégia de Serra de evitar o embate eleitoral com o PT até o ano que vem. Anteontem, o paulista declarou que tem "nervos de aço" em relação às pressões para que antecipe seu calendário. Mas lamentou, em conversas reservadas, a resistência de Aécio à chapa puro-sangue.
O mineiro afirmou, ontem, que "há que se ter compreensão de parte a parte", e que seus nervos "sempre estiveram muito serenos nesse processo".
Questionado se, na hipótese de efetivamente se lançar ao Senado, poderia voltar atrás caso o PSDB optasse por ele posteriormente, Aécio disse que "o depois sempre vem depois".


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